Painel do setor segurador revê em baixa risco macroeconómico para médio-alto

O painel de riscos do setor segurador, publicado pela Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF), reviu em baixa, em março, o risco macroeconómico, que passou de alto para médio-alto, mas avisou que “persistem vulnerabilidades”.

“A melhoria das projeções de crescimento económico, a redução da dívida pública portuguesa para um patamar abaixo dos 100% do PIB [Produto Interno Bruto] e a desaceleração da taxa de inflação em cadeia para valores próximos do patamar fixado pelo Banco Central Europeu justificam a revisão em baixa da avaliação da categoria de riscos macroeconómicos, passando de alto para médio-alto”, disse o regulador.

Apesar disso, “no panorama internacional, persistem vulnerabilidades importantes relacionadas com os conflitos geopolíticos, nomeadamente a guerra no leste europeu e no Médio Oriente”, alertou.

Já a categoria de riscos de crédito permanece classificada em médio-alto, disse a ASF, explicando que “desde o final de outubro de 2023 tem-se assistido a uma tendência decrescente dos prémios de risco dos emitentes soberanos e de dívida ‘corporate’”, mas, também neste caso, “mantêm-se relevantes as vulnerabilidades decorrentes do aumento da pressão sobre as condições de financiamento das empresas e particulares, cujos efeitos poderão ainda fazer-se sentir”.

Também a avaliação dos riscos de mercado se conserva em médio-alto, “embora com tendência descendente”, sendo que, segundo a ASF, a “volatilidade nos mercados obrigacionistas revelou uma redução face ao início de 2024, enquanto a dos mercados acionistas se manteve constante e em níveis moderados”. O regulador salientou ainda “a persistência do risco de correção material futura dos preços dos ativos, inclusivamente por via de um evento potencialmente sistémico”.

Segundo a ASF, a categoria de riscos de liquidez mantém-se em médio-baixo, “verificando-se alguma estabilidade do rácio de liquidez de ativos”, indicou.

A ASF atribuiu igual classificação (médio-baixo) aos riscos de rendibilidade e solvabilidade do setor “com tendência inclinada descendente”, sendo que em 2023, “os resultados técnicos dos ramos Vida e Não Vida registaram crescimentos”.

Também a avaliação dos riscos de interligações se conserva em médio-baixo, com “um novo decréscimo da exposição das empresas de seguros à dívida soberana nacional” e “a manutenção do peso total do investimento em emitentes do setor financeiro”.

No que diz respeito aos riscos específicos de seguros Vida e Não Vida, “ambas as categorias permanecem classificadas em médio-alto”, disse a ASF.

O regulador indicou que a produção total de 2023 do ramo Vida registou uma quebra face a 2022 e que, em relação aos ramos Não Vida, “face ao trimestre anterior, observou-se simultaneamente um aumento do valor anualizado dos prémios brutos emitidos e dos custos com sinistros”.

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