Oitenta e quatro políticos foram assassinados no Brasil este ano

Oitenta e quatro políticos foram assassinados no Brasil até à primeira volta das eleições municipais no Brasil, realizada no domingo, segundo um levantamento hoje divulgado pela revista Piauí.

Os números representam um aumento expressivo de assassinatos em 2020 face aos dois anos anteriores, quando em 2018 se contabilizaram 26 mortes e 47 em 2019, segundo o Grupo de Investigação Eleitoral da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio).

Contudo, apesar do aumento, ainda há poucas informações sobre estes homicídios, que ajudem a explicar as suas motivações ou dinâmicas.

Num ano como 2020, marcado por eleições municipais e pela pandemia de covid-19, que levou ao adiamento do sufrágio e a restrições nas campanhas nas mais de cinco mil cidades do país, esperava-se que a violência pudesse diminuir devido à crise de saúde, mas ocorreu o oposto.

Segundo a revista Piauí, Pernambuco foi o estado que registou o maior número mortes, num total de 13 políticos assassinados.

O levantamento mostrou ainda que a violência não tem um viés político, com assassinatos igualmente registados no espetro de direita e de esquerda.

A lista de formações políticas com mais mortes contabilizadas é liderada pelo Partido Socialista Brasileiro (PSB), sendo seguido pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), Partido dos Trabalhadores (PT), Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), Partido Social Democrático (PSD) e Movimento Democrático Brasileiro (MDB).

“As poucas investigações existentes indicam que muitas dessas mortes são encomendadas por adversários políticos que veem na vítima uma ameaça aos seus negócios, seu domínio eleitoral ou um entrave ao exercício de seu mandato”, indicou a Piauí, na sua análise.

Os dois primeiros assassinatos de políticos este ano foram registados em 08 de janeiro. Na cidade de Imbuia, no estado de Santa Catarina, o prefeito João Schwambach foi assassinado com dois tiros em frente ao prédio da prefeitura. No mesmo dia, mas no estado de Mato Grosso, o suplente de vereador Nivaldo Gomes de Souza também foi morto em Arenápolis.

O Brasil realizou no último domingo eleições para escolher os prefeitos e vereadores das câmaras legislativas de 5.567 cidades, número que exclui o Distrito Federal, onde a administração do território, incluindo a capital do país, Brasília, é exercida pelo governador, e também Macapá, capital do estado do Amapá, onde a votação foi adiada devido a problemas no abastecimento elétrico.

As eleições de domingo, que têm a segunda volta agendada para 29 de novembro para os candidatos que não alcançaram mais de 50% dos votos, deviam ter decorrido em outubro, mas as autoridades eleitorais decidiram adiar, devido à pandemia de covid-19.

Segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) do Brasil, no dia da eleição foram detidos 55 candidatos eleitorais no país.

As infrações mais comuns de candidatos foram o uso de amplificadores de som e altifalantes, boca de urna, divulgação de propaganda, corrupção eleitoral e transporte ilegal de eleitores.