Rússia afirma que Ucrânia se prepara para rendição em cinco cidades-chave em Donetsk

A Rússia alega que a Ucrânia está a preparar a rendição de cinco cidades estratégicas na região de Donetsk, um dos territórios mais disputados desde o início da guerra em 2022. A informação foi avançada pelo presidente da Comissão de Assuntos de Soberania da Câmara Pública da Rússia e divulgada pela agência RIA Novosti.

As cidades mencionadas — Pokrovsk, Kurakhove, Chasiv Yar, Toretsk e Mirnograd — são consideradas bastiões importantes para a defesa ucraniana na região. Segundo Vladimir Rogov, figura associada às forças pró-russas, o governo ucraniano terá ordenado à comunicação social que inicie uma campanha para preparar psicologicamente a população para a possibilidade de perda destes territórios.

Rogov acusou ainda a Ucrânia de tentar desacreditar a importância estratégica destas cidades, numa aparente tentativa de minimizar o impacto da sua eventual captura pelas forças russas.

Relatos da linha da frente
As tensões em torno destas cidades foram confirmadas no início esta semana por Yehor Firsov, sargento-chefe da Unidade de Drones da 109.ª Brigada das Forças Armadas da Ucrânia. Em declarações ao canal Espreso TV, Firsov descreveu a situação como crítica e destacou que estas cidades são atualmente o foco de combates intensos e altamente desgastantes.

“O que está em jogo é a possível perda de cinco cidades estratégicas”, alertou Firsov, sublinhando que a Rússia está a concentrar esforços significativos nesta área. Para o militar ucraniano, esta abordagem russa representa um “tudo ou nada”, indicando que Moscovo está a canalizar recursos massivos para garantir avanços no leste da Ucrânia.

A perda destas cidades não seria apenas uma derrota territorial para a Ucrânia, mas também um golpe significativo para o moral das suas tropas, que têm resistido ferozmente ao avanço russo. “Estamos na fase mais crítica da guerra”, afirmou Firsov, destacando a necessidade urgente de reforços e apoio dos aliados ocidentais da Ucrânia.

Firsov também expressou preocupação sobre a escassez de munições, armas e drones, um problema que afeta ambos os lados do conflito. Contudo, alertou que qualquer sucesso russo na captura destas cidades poderia ter consequências devastadoras, tanto no campo de batalha como no plano psicológico.

Número de baixas reflete custo humano da guerra
O custo humano do conflito tem sido elevado. O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, revelou que o número de baixas ucranianas ultrapassa os 400 mil, incluindo cerca de 43 mil soldados mortos e 370 mil feridos desde o início da guerra, em fevereiro de 2022.

Do lado russo, Zelensky indicou que as perdas seriam ainda maiores, estimando cerca de 198 mil mortes e mais de 550 mil feridos. Estes números, se confirmados, ilustram o impacto devastador de quase três anos de conflito.

As cidades de Pokrovsk, Kurakhove, Chasiv Yar, Toretsk e Mirnograd são cruciais para a resistência ucraniana no Donbass, uma região que tem sido palco de alguns dos combates mais intensos da guerra. A sua captura por parte da Rússia representaria uma vitória simbólica e estratégica para Moscovo, ao mesmo tempo que enfraqueceria as linhas de defesa ucranianas.

Firsov sublinhou que defender estas cidades é vital não apenas para a manutenção da integridade territorial da Ucrânia, mas também para preservar a moral e o espírito de resistência das forças no terreno.