Observadores internacionais preocupados com eleições americanas. Trump reforça «narrativa da eleição manipulada»

Com a pandemia a mudar a natureza dos processos de votação e Donald Trump a questionar o resultado e integridade das próximas eleições, observadores eleitorais, organizadores e comentadores receiam que o resultado das eleições possa conduzir a uma crise constitucional e mesmo à violência.

Trump já encorajou os eleitores a votar duas vezes para testar o sistema (o que é crime) e afirmou que países estrangeiros vão imprimir boletins de voto para manipular as eleições. O atual Presidente dos EUA também apelou aos seus apoiantes para irem às urnas e estarem atentos ao “roubo e furto” no dia das eleições.

As afirmações de Trump sobre as vulnerabilidades no processo de votação nos Estados Unidos têm pouco fundamento, como têm sublinhado especialistas. Mas observadores com experiência em eleições desafiantes no estrangeiro dizem que a própria retórica é perigosa, avança a CNN.

“Penso que Trump está a preparar-nos para a narrativa de uma eleição manipulada”. Isso aconteceu noutras jurisdições em que trabalhei”, disse Dren Nupen, um perito eleitoral sul-africano, à CNN.

Nupen organizou eleições nacionais e partidárias em toda a África Austral durante décadas e trabalhou com uma equipa que preparava os sul-africanos para o seu escrutínio histórico de 1994.

“Trump está a plantar a semente na mente dos eleitores de que esta coisa não vai ser justa. As suas munições são basicamente os eleitores. Se perder, então pode dizer que sabia que havia problemas com o voto e pode mobilizá-los”, explicou.

Em eleições altamente contestadas, não são apenas os mecanismos e a equidade do escrutínio, mas também o contexto político das eleições que importa. “Quando há cidadãos armados que agora compram esta ideia de uma milícia armada que protege o voto e quando se tem pessoas do outro lado a dizer que não aguentam mais isto, há todos os ingredientes para uma situação muito volátil”, disse Ory Okolloh-Mwangi, um comentador político queniano e profissional de investimentos da rede Omidyar, à CNN.

Ken Opalo, um cientista político da Universidade de Georgetown, nos EUA, também levantou o espectro da “violência pós-eleitoral armada” após ter visto confrontos por causa de protestos policiais nos Estados Unidos este ano.

Desta forma, observadores eleitorais na Europa, Estados Unidos e África receiam que existam sinais de aviso para as próximas eleições americanas, com data marcada para 3 de Novembro.

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