O que podem as empresas aprender com as lições de liderança de Zelensky
A guerra encetada pela Rússia contra a Ucrânia pode ser olhada por vários prismas, e Vladimir Putin e Volodimyr Zelensky defrontam-se também no plano da comunicação, colocando em confronto dois estilos muito diferentes e oferecendo ao mundo das empresas e negócios, de acordo com o CEO e fundador da empresa de marketing digital Social Horse Power, alguns ensinamentos valiosos em matéria de liderança.
Citado pela Fortune, Alen Bubich afirma que, desde o início da incursão russa na Ucrânia, o Presidente Zelensky, recorrendo fortemente às redes sociais online, tem procurado transmitir e nutrir uma imagem de um líder humilde, próximo das massas, que se movimenta ombro-a-ombro com os seus concidadãos. Esta imagem permitiu a Zelensky, desde logo, captar a atenção das sociedades ocidentais e instigar os seus governos à ação e às demonstrações de apoio a Kiev.
Do outro lado, o Presidente russo promove a imagem de um líder intangível, que discursa em grandes salões, falando para a população do cimo de um pódio ou da ponta de uma longa mesa, quase sempre sozinho. O contraste entre os dois chefes de Estado é evidente.
O estilo de comunicação e liderança do Presidente russo caracteriza-se por um tom frio e maquinal, que procura transmitir uma imagem de que o Estado é inabalável e desvalorizar as acusações de violações do Direito Internacional, uma relação de distância entre emissor e recetor, em comunicações feitas de cima para baixo.
Por outro lado, o líder ucraniano aplica uma abordagem diametralmente diferente. Promove uma postura de proximidade com a população, uma comunicação multicanal que tenta fazer chegar o máximo de informação ao maior número de pessoas possível.
Alen Bubich indica três principais ferramentas que devem fazer parte do repertório de qualquer líder, incluindo os empresariais: liderar pelo exemplo, humanizar a marca e estar ao lado dos liderados.
Destaca que Zelensky é um líder das massas, que publica mensagens de união e força e vídeos que mostram o presidente a caminhar por ruas em ruína, que está na linha da frente dos acontecimentos e a sofrer com o povo, em contraste com as comunicações imperturbadas saída do Kremlin.
A experiência de Zelensky em frente às câmaras surge também como uma força na hora de conquistar quem o ouve. Perante o dinamismo das comunicações do governo de Zelensky, a comunicação imperturbada e maquinal de Putin, que procura transmitir uma imagem de serenidade (mesmo que os corredores do Kremlin estejam em ebulição), afasta a audiência e impede o sentimento de identificação com o emissor, o líder ou o chefe, e potencia a desconfiança.
O Presidente ucraniano recorre frequentemente a uma comunicação emotiva, que o coloca no mesmo patamar que a restante população, e os seus discursos, designadamente perante parlamentos e governos de outros países, estão repletos de referências à primeira pessoa, “eu” ou “nós”, ao invés de um estilo de comunicação que o distancia dos que sofrem nas ruas.
O CEO da Social Horse Power defende que os negócios e a guerra partilham algumas semelhanças, especialmente na medida em que ambos batalham pelos corações da população, ou dos trabalhadores.
Os líderes políticos e empresariais devem estar onde estão os seus trabalhadores e concidadãos, saber para quem comunicam e perceber como podem comunicar da melhor forma, procurando transformar os empreendimentos (sejam empresas ou guerras) em esforços conjuntos, em que comandante e comandados caminham lado a lado.
“Zelensky passou a sua vida como ator. Putin desempenha o papel do perfeito vilão. Contudo, o Presidente ucraniano tem mostrado ser um líder que consegue motivar outros para se juntarem à sua causa, através de uma simples mensagem de humanidade e de missão partilhada”, refere Bubich, acrescentando que Zelensky sabe muito bem como comunicar essa mensagem aos quatro cantos do mundo.