IA responsável é uma prioridade urgente para as empresas

Por Luis Almeida, Head Data, AI & Analytics da InnoWave

À medida que a adoção de IA se generaliza, as preocupações sobre os seus impactos éticos, sociais e económicos estão mais quentes do que nunca. Neste contexto, emerge o conceito de Inteligência Artificial Responsável (IAR), que visa garantir que o desenvolvimento e a implementação de sistemas de IA sejam realizados de forma ética, transparente e benéfica para a sociedade.

Uma pesquisa recente do MIT Sloan Management Review em parceria com a Boston Consulting Group, revela uma falha crítica entre as aspirações das empresas de implementar a IAR e a realidade dos seus esforços. Embora 84% dos inquiridos acreditem que a IAR deve ser uma prioridade da gestão de topo, apenas 25% têm um programa de IAR maduro e em curso. Esta discrepância sublinha um desafio significativo: traduzir o reconhecimento da importância da IAR em estratégias e práticas efetivas.

As empresas que lideram em IAR são aquelas que integram esses princípios dentro de uma visão mais ampla de Responsabilidade Social Corporativa (RSC). Para esses líderes, a IAR não é apenas uma forma de se proteger contra riscos, mas um componente estratégico que reflete a sua cultura organizacional e valores mais profundos. Este compromisso reflete-se no investimento em recursos dedicados a programas de IAR e na inclusão de uma ampla gama de partes interessadas, desde executivos de alto nível até ao próprio CEO.

Para essas empresas, a IAR traz vantagens muito concretas: produtos e serviços melhorados, diferenciação de marca e uma competitividade reforçada. Mais do que isso, estão preparadas para lidar com as novas exigências regulatórias, minimizando os riscos ao mesmo tempo em que impulsionam a inovação. Não é surpresa que 43% dos líderes em IAR relatem que esses esforços resultam diretamente em inovação.

Apesar dos benefícios claros, muitas empresas enfrentam desafios na implementação da IAR. Os obstáculos mais comuns incluem falta de competências e talento, formação insuficiente, falta de definição de prioridade por parte dos líderes seniores e orçamento desajustado.

Para implementar a IAR de forma eficaz, é importante que as empresas comecem o quanto antes, lançando iniciativas para ultrapassar desafios antes que eles se tornem maiores. Investir adequadamente nestes programas é essencial, o que significa assegurar recursos necessários — orçamento, talento e formação devem estar bem alinhados. O envolvimento de todos os stakeholders também é essencial, garantindo uma abordagem holística à IAR com a inclusão do maior número de partes interessadas.

Outro ponto importante é alinhar os esforços de IAR com as iniciativas de RSC existentes na empresa. As empresas devem estabelecer uma governança clara, definindo estruturas e responsabilidades específicas para supervisionar e gerir a IAR. A promoção de uma cultura de ética em IA deve ser priorizada, fomentando uma mentalidade organizacional que valorize práticas éticas na implementação e uso da IA. Igualmente importante é a integração dos princípios de IAR desde as fases iniciais do desenvolvimento de produtos e serviços baseados em IA, garantindo uma base sólida para a inovação responsável.

Por fim, é fundamental medir e reportar o progresso das iniciativas de IAR, com métricas claras para avaliar o sucesso e comunicações regulares dos resultados. As empresas devem manter-se constantemente atualizadas sobre as evoluções tecnológicas e regulatórias no campo da IA, adaptando as suas estratégias de IAR conforme necessário.

À medida que as regulamentações de IA evoluem, as empresas com programas com maior maturidade de IAR vão sentir-se mais preparadas. 51% dos líderes sentem-se prontos para responder aos requisitos das regulamentações emergentes de IA, em comparação com apenas 30% das empresas que ainda estão a dar os primeiros passos.

No fundo, tornar-se um Líder em IA Responsável não se trata apenas de gerir tecnologia, mas de incorporar um compromisso com práticas éticas e responsabilidade social e corporativa. Uma estratégia eficiente de IAR tem menos a ver com IA e mais com a cultura organizacional, prioridades e práticas. As empresas que desejam liderar nesta área devem focar-se em ser empresas responsáveis em todos os aspetos das suas operações. Ao fazê-lo, não apenas se posicionarão na vanguarda da inovação tecnológica, mas também contribuirão para um futuro mais ético e sustentável para a IA e para a sociedade como um todo.