“O desafio para os futuros líderes é serem capazes de reunir as pessoas à sua volta”, aponta Cofundadora da Forward College

A Forward College, faculdade de cariz internacional, escolheu Lisboa como principal centro europeu com o objectivo de oferecer e impulsionar uma nova abordagem educacional aos seus estudantes, para que estes desenvolvam não apenas as capacidades cognitivas, mas também aquelas sociais, digitais e emocionais, essenciais para o futuro do trabalho. O Forward International Bachelor, programa universitário de três anos, dá oportunidade aos alunos de estudarem em três cidades europeias: Lisboa no primeiro ano, Paris no segundo e Berlim no terceiro. Turmas de pequena dimensão, aulas individuais e projectos aplicados à vida real fazem parte do desafio que combina tradição e inovação. 

Céline Boisson, Cofundadora da Forward College, em entrevista à Executive Digest.

Qual é o objectivo e a missão da Forward College em Portugal?
A Forward College visa preparar os líderes de amanhã, aumentando não só os seus conhecimentos académicos, mas também as suas competências sociais, emocionais, práticas e tecnológicas que serão mais necessárias para enfrentar os desafios do futuro do trabalho. Conseguimos isto combinando “tradição por excelência” com licenciaturas concebidas pelas principais universidades britânicas (LSE e King’s College London) e credenciadas pela Universidade de Londres para fomentar a inteligência cognitiva, com uma expedição internacional em 3 capitais europeias (os estudantes vivem e estudam juntos em Lisboa, Paris e Berlim), certificados de empreendedorismo (impacto social no ano 1, inovação digital no ano 2 e consultoria no ano 3),  e ainda um programa de desenvolvimento pessoal para ajudar a desenvolver as suas competências transversais.

Porque é que a Forward College escolheu Lisboa?
Lisboa é uma das capitais mais carismáticas e vibrantes da Europa. Combina o património tradicional com um ecossistema tecnológico vibrante, uma política estável e um pensamento progressista e aberto. Lisboa é também muito segura e uma cidade acessível para os estudantes. Tornou-se sinónimo de um destino cool nos últimos anos, não só para o turismo, mas também tendo em conta a qualidade de vida, a inovação e o cenário artístico em crescimento. Lisboa oferece o contexto ideal para que os estudantes do primeiro ano da Forward College se encontrem e criem a coesão que lhes permitirá ter uma experiência de 3 anos inesquecível. A nossa ambição nos próximos anos é criar uma rede de 10 campus em todo o mundo, sendo que Lisboa será o principal centro na Europa.

Qual é o modelo de ensino da Forward College e qual é a sua diferença em relação ao modelo universitário tradicional?
O nosso modelo de ensino assenta em dois pilares principais:
Uma pedagogia de aprendizagem activa com uma de sala de aula virada ao contrário, do ponto de vista da abordagem. Os estudantes exploram primeiro os temas de forma individual e em formato online, depois trocam conhecimentos na aula, com professores de classe mundial, através de discussões formais em seminários ou tutoriais de maneira aprofundar a aquisição de conhecimentos reais e a respetiva autonomia.

  • Personalização:
    As nossas aulas decorrem pessoalmente no campus, com 15 alunos, não mais. Na verdade, devido à nossa abordagem de sala de aula invertida, o objectivo das nossas aulas não é fornecer conteúdos, mas ajudar os alunos a responder a perguntas difíceis, resolver problemas, debater ou simular situações da vida real depois de terem explorado o material do curso em formato online. As nossas turmas pequenas significam que os nossos alunos não são apenas números, os professores conhecem pessoalmente os estudantes.
    Aulas individuais: cada aluno tem o seu tutor pessoal, que o ajuda a refletir sobre a sua aprendizagem, o que é fundamental para crescer e atingir o seu potencial máximo.

Quais são os principais desafios que os estudantes terão no futuro quando entrarem no mercado de trabalho?
Os estudantes enfrentarão muitos desafios – que vão desde as alterações climáticas ao aumento da Inteligência Artificial, passando também pela natureza mutável dos empregos. O futuro mercado de trabalho irá apresentar tantos desafios como oportunidades para os estudantes. Será importante para eles serem adaptáveis, resilientes, desenvolverem novas competências e manterem-se actualizados em relação às últimas tendências e tecnologias para terem sucesso nas suas carreiras.

  • Alterações climáticas: as alterações climáticas estão a afectar todos os sectores da economia. As políticas ambientais são necessárias para limitar o impacto negativo das alterações climáticas no ambiente. Estas políticas conduzirão à criação de novos empregos menos poluentes (“crescimento verde”). Os estudantes terão de ter em conta o desenvolvimento sustentável nos seus empregos futuros, sejam eles quais forem.
  • Inteligência artificial: A IA vai tornar o conhecimento infinitamente abundante e a baixo custo, já transformou milhares de empregos e o seu impacto vai continuar a crescer:
  • Muitos postos de trabalho que exigem menos qualificações serão substituídos por máquinas no campo das finanças, transportes, funções administrativas e ainda de back office. Apenas os trabalhadores intelectuais capazes de desafiar as máquinas e a IA permanecerão e florescerão;
  •  Serão também criados novos empregos:
    Obviamente que a IA dará origem a muitos empregos na indústria da IA. O crescimento do emprego será concentrado em empregos de altas competências (matemática, cuidados de saúde, etc.). Os estudantes terão de compreender como trabalhar lado a lado com a tecnologia para tirar o máximo partido dela;
    Mas também prevemos o aumento de muitos mais empregos na indústria de serviços, que já representa mais de 50% dos empregos na maioria dos países desenvolvidos e deverá continuar a aumentar significativamente. Acreditamos firmemente que estes novos postos de trabalho irão / devem emergir da necessidade humana por relações significativas. Por exemplo, com uma população envelhecida, a necessidade de enfermeiros, assistentes de ajuda ao domicílio deverá aumentar; professores continuarão a ser muito procurados, etc.
  •  Mudança da natureza dos empregos:
    A forma como trabalhamos está a mudar rapidamente, com mais empregos a tornarem-se freelance, baseados em contratos ou baseados em projetos… Isto pode levar a um mercado de trabalho mais incerto e à necessidade de os estudantes serem adaptáveis, resistentes e flexíveis nos seus percursos profissionais;
    O aumento do trabalho à distância ou híbrido vai continuar;
    A globalização levou a um aumento da concorrência pelo emprego, uma vez que as empresas podem externalizar postos de trabalho para países com custos laborais mais baixos. Como resultado, os estudantes podem ter de competir com uma reserva global de talentos para garantir emprego.

Soft Skills ou Hard Skills? Na sua opinião, que características serão mais apreciadas pelos futuros empregadores?
Claro que as hard skills continuarão sempre a ser importantes, especificamente na área da tecnologia, mas os empregos de crescimento mais rápido em 2030 serão sobretudo na área dos serviços que exigem fortes competências sociais e emocionais. Temos de admitir que este é um importante ângulo morto no ensino superior que está centrado nas competências cognitivas. É por isso que na Forward College, para além das competências cognitivas, integrámos o desenvolvimento social e emocional nos nossos currículos, concebendo experiências de aprendizagem que expõem os estudantes a muitas situações. Isto não acontece nas salas de aula, mas na vida real. Isto também requer o apoio dos estudantes na reflexão e aprendizagem a partir destas experiências. Isto não tem lugar em salas de aula, mas em pequenos grupos e conversas um a um. A necessidade de desenvolvimento social e emocional é enorme se quisermos abrir novas oportunidades de contribuição humana para um futuro melhor. Mas pode muito bem ser a parte mais desafiante da transformação do ensino superior.

Actualmente, quais são os principais desafios para aqueles que aspiram a ser líderes?
O principal desafio para os futuros líderes é serem capazes de reunir as pessoas à sua volta. A liderança de cima para baixo já não funciona. A geração jovem não quer ser gerida da mesma forma que a geração mais velha, desafiam a autoridade. Há necessidade de repensar esta noção de liderança, os futuros líderes serão capazes de mobilizar, envolver as pessoas à sua volta, é um Gandhi mas também um empresário, um Barack Obama mas também um gestor carismático, um influenciador ou o líder de uma ONG….

Quantos estudantes espera receber em Lisboa nos próximos anos?
Esperamos cinco mil estudantes e 10 campus na Europa nos próximos anos e Lisboa será o principal centro europeu da Forward College. 

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