Fevereiro promete ‘estilhaçar’ vários máximos de calor: 140 países bateram recordes de temperatura na primeira quinzena do mês

Fevereiro deverá bater um número recorde de máximos de calor, segundo alertaram os meteorologistas: o aquecimento global, assim como o padrão climático natural do ‘El Niño’, tem feito aumentar as temperaturas na terra e nos oceanos em todo o mundo.

Este é o mês mais curto do ano, mas nem isso significa a quebra de vários recordes: o pico de aquecimento tornou-se tão pronunciado que os gráficos climáticos estão a entrar em novos territórios. “O planeta está a aquecer em ritmo acelerado. Estamos a assistir a rápidos aumentos de temperatura no oceano, o maior reservatório de calor do clima”, denunciou Joel Hirschi, chefe associado de modelação de sistemas marinhos do Centro Nacional de Oceanografia do Reino Unido. “A amplitude pela qual os recordes anteriores de temperatura da superfície do mar foram superados em 2023 e agora em 2024 excedem as expectativas.”

A humanidade está numa trajetória para vivenciar o fevereiro mais quente já registado na história, seguindo o exemplo de janeiro, dezembro, novembro, outubro, setembro, agosto, julho, junho e maio últimos, referiu o cientista da Terra de Berkeley, Zeke Hausfather, que destacou que se ocorresse uma ‘La Niña’ as temperaturas poderiam reduzir-se. No entanto, indicou o especialista, o o comportamento do clima tornou-se mais errático e difícil de prever.

“O ano passado desafiou tanto as expectativas que é difícil ter tanta confiança nas abordagens que utilizámos para fazer estas previsões no passado”, garantiu. “Diria que fevereiro de 2024 é um favorito para bater o recorde anterior estabelecido em 2016, mas não é de forma alguma uma conclusão precipitada neste momento, já que os modelos meteorológicos sugerem que as temperaturas globais cairão novamente na próxima semana. Portanto, embora pense que estas temperaturas extremas fornecem alguma evidência de uma aceleração na taxa de aquecimento nos últimos anos – como os modelos climáticos esperam que aconteça se as emissões de CO2 não diminuírem, mas os aerossóis sim – não é necessariamente pior do que pensávamos.”

A primeira quinzena de fevereiro chocou os observadores do tempo, com o aumento de milhares de registos de calor em estações meteorológicas – em Marrocos, por exemplo, 12 estações meteorológicas registaram mais de 33,9ºC, o que não foi apenas um recorde nacional para o dia mais quente de inverno, mas também mais de 5ºC acima da média para julho. A cidade de Harbin, no norte da China, teve de encerrar o seu festival de gelo de inverno porque as temperaturas subiram acima de zero durante três dias sem precedentes neste mês.

Na semana passada, estações de monitorização tão distantes como África do Sul, Arábia Saudita, Tailândia, Indonésia, Cazaquistão, Colômbia, Japão, Coreia do Norte, Maldivas e Belize registaram recordes mensais de calor.

Na primeira metade deste mês, 140 países quebraram recordes mensais de calor, o que foi semelhante aos números finais dos últimos seis meses mais quentes de 2023 e mais de três vezes em qualquer mês antes de 2023.

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