Empresas mais poluentes do mundo encaixaram mais de mil milhões de euros em financiamentos de projetos fósseis após Acordo de Paris

Foram várias as entidades que, através da venda de obrigações, colocaram no mercado mais de mil milhões de euros para financiar novos projetos de empresas de gás, carvão e petróleo, desde o Acordo de Paris, que entrou em vigor em 2016.

Esta é uma das conclusões de um estudo realizado em exclusivo pelo EL PAÍS, Le Monde, The Guardian e outros oito meios de comunicação internacionais no âmbito da The Great Green Investment Investigation: Fossil Finance, coordenada pela Investico e Follow The Money.

Os dados mostram que mais de 400 bancos e entidades financeiras participaram em 1.666 operações de emissão de obrigações dedicadas à expansão das atividades de exploração de gás, petróleo e carvão de 122 empresas, incluindo as mais poluentes do mundo, e das suas subsidiárias.

No entanto, sublinham que este é apenas um “cálculo conservador”, visto que inclui apenas empresas que estão a expandir as operações com combustíveis fósseis.

“O papel que os bancos desempenham torna-os cúmplices nas emissões de obrigações das empresas de petróleo e gás”, diz Andreas Rasche, especialista em Finanças Sustentáveis ​​da Copenhangen Business School, ao ‘El Pais’.

O estudo mostra ainda que as entidades que mais dinheiro obtiveram por conta de empresas poluidoras desde 2016, com mais de 100 mil milhões cada, incluem vários bancos europeus como o Deutsche Bank, HSBC, Crédit Agricole, Barclays e BNP Paribas. Para além destes, existem ainda escritórios de advogados internacionais como o Cleary Gottlieb Steen & Hamilton ou Latham Watkins.

Dados recentes mostram que as emissões de obrigações representam hoje cerca de 52% de todo o financiamento que estas empresas obtêm, ou seja, ainda existe muito financiamento e mercado para as empresas de combustíveis fósseis. Os títulos verdes representam apenas 2% do total.

E quem são as empresas que encaixam estes milhões? A empresa que mais emitiu títulos desde 2016 é a mexicana Pemex, seguida pela brasileira Petrobras. A lista inclui 16 das empresas que mais emitiram gases com efeito de estufa para a atmosfera desde 1965: só estas captaram 365 mil milhões nos mercados desde 2016, um valor comparável ao Produto Interno Bruto que Espanha gera num trimestre.