Champanhe, lavagante, presunto, tabaco e aguardentes: Câmara de Oeiras paga 139 mil euros por 1411 “almoços de trabalho”
Desde que Isaltino Morais regressou à Câmara de Oeiras, em 2017, e já após ter cumprido uma pena de prisão, dispararam os gastos da autarquia com “almoços de trabalho”. Alguns dos encontros chegam a custar várias centenas de euros, num máximo de mais de 1400 euros por uma refeição.
No total, desde 2017, a Câmara Municipal de Oeiras (CMO) já pagou mais de 139 mil euros pelos “almoços de trabalho” e jantares do executivo de Isaltino Morais, num total de 1441 refeições, segundo a revista Sábado, que teve acesso às faturas.
São detalhados vários casos, que chocam pela faustosidade: presento, lavagante, lagosta, sapateira e outros mariscos, champanhe e vinhos caros, aguardentes e digestivos ou até tabaco. Em agosto de 2020, no restaurante Casa da Dízima, ocorreram dois “almoços de trabalho” com um vereador (Pedro Patacho), um diretor municipal (Luís Baptista Fernandes) e outros convidados, regados a Moët & Chandon, e com faturas de 352 e 212 euros para pagar.
Em novembro, no Lazuli, Isaltino tem outro almoço de trabalho, com uma fatura que chegava quase aos 490 euros, e novamente em outubro outra refeição, com 12 entradas, peixe fresco, aguardentes, queijos, quatro garrafas de vinho, queijadas de Sintra e um item descrito como “tabaco”, faturado a 30 euros. No total a fatura final foi de mais de 859 euros.
Já em 2019 outra fatura de uma refeição para 9 pessoas incluía a descrição ‘tabaco’, marcada a 60 euros. Isaltino Morais diz à revista que se trataram de “lapsos” dos restaurantes e que se tratam de anomalias que “serão regularizadas”.
Entre 2013 e 2017, quando Paulo Vistas era presidente, a Câmara fez 788 refeições e gastou 69 mil euros. Com o ‘regresso’ de Isaltino, tudo mudou, e até deixou de se registar o nome de pessoas externas a Câmara e que vão aos almoços e jantares de trabalho. Por outro lado, dispararam os custos com este aspeto.
“É claro que ninguém está autorizado a apresentar faturas que não correspondam a refeições de trabalho”, assegura Isaltino Morais.
As faturas sucedem-se: camarão, lagosta, saké afrodisíaco, sapateira e outros mariscos, vinhos luxuosos, sobremesas, aguardentes, carnes e um presunto pata negra que quase nunca falta.
Olhando a todas as faturas, desde 2017, no topo das refeições mais caras pagas pela Câmara está uma de 1495 euros. Seguem-se faturas de 942,14 euros e de 930 euros. Todas datam de 2018.
Já quanto a ‘campeões’ de almoços e jantares “de trabalho”, A vereadora Joana Baptista está em 1.º lugar, com 450 refeições, seguida pelo presidente Isaltino Morais, com 302 refeições, e por Miguel Faria chefe de gabinete de Isaltino Morais, que fez 298 refeições.