Banco de Portugal admite importância dos criptoativos para a estabilidade financeira

O Banco de Portugal divulgou esta sexta-feira o Relatório de Estabilidade Financeira de junho de 2022, onde refere que nos últimos meses a economia europeia passou a sofrer efeitos simultâneos de dois choques sem precedentes e de abrangência internacional.

O primeiro deles é a guerra na Ucrânia iniciada pela Rússia que veio “amplificar o impacto económico da pandemia”, e prejudicar os mercados de energia e de matérias-primas. O segundo é o “risco ascendente nas projeções da inflação, devido à possibilidade de um conflito mais longo e a constrangimentos adicionais na oferta de energia”.

No relatório, o organismo refere-se aos investimentos em criptoativos, dizendo que têm “revelado elevada volatilidade e a interligação com o sistema financeiro tradicional internacional aumentou”, dando conta da desvalorização generalizada observada nestes mercados.

No entanto, explica que, “apesar da sua ainda reduzida dimensão relativa, estes mercados (não regulados) assumem cada vez maior importância para a estabilidade financeira pelas crescentes ligações com outros ativos e intermediários financeiros tradicionais”. O organismo dá ainda conta de que os investidores destes mercados já não são apenas individuais, pois há cada vez mais gestores de ativos financeiros que considera “tradicionais” a investir em criptoativos, devido à procura por parte de clientes.

“Até ao momento, as perturbações ocorridas em algumas stablecoins têm sido identificadas como contidas e não envolveram fire-sales de ativos financeiros “tradicionais” nem contagiaram os mercados financeiros tradicionais. Porém, sinalizam os riscos para a estabilidade financeira, mesmo em relação a stablecoins, também pela falta de transparência sobre os ativos que as colateralizam”, conclui o BdP.