Apple, Louis Vuitton ou Ritz. Saiba onde é que estas empresas vão recrutar

Faz parte do top 3 das escolas líderes de Hospitalidade no Mundo. São já 65 anos de história Les Roches, tendo o Campus de Espanha, em Marbella, 24. Uma verdadeira cadeia hoteleira com cinco restaurantes, clube de vinhos, campo de ténis ou demo rooms geridas por 850 alunos. Carlos Díez de la lastra é o director-geral da Les Roches Marbella há cinco anos. Veio mudar mentalidades, mas não as equipas – ressalva. Fê-las acreditar no valor que têm em mãos e trouxe mais confiança. «O que é feito nesta escola não é normal. Somos a terceira melhor escola no ranking internacional, mas somos a única com campus internacionais, esta é a nossa maior distinção. Queremos ser uma companhia internacional ao mesmo tempo empreendedora, com a eficiência e rigor suíço e inovação. Agora temos o SUTUS, o evento que explora novas áreas do turismo de luxo. Ao mesmo tempo é o nosso trabalho de transformação dos estudantes em pessoas valentes, aportando algo distinto às empresas. Não queremos só formar empreendedores, queremos intraempreendedores.»

Há escolas de gestão muito bem-sucedidas no mundo. Como é que a Les Roches mantém o sucesso e continua a surpreender?

A nossa chave é o comportamento. Somos brilhantes em fazer a transformação da atitude. As empresas conseguem identificar quem são os alunos daqui. Os managers de hotéis ficam surpreendidos com o nível dos nossos estudantes porque identificam rapidamente o comportamento certo, o nível de respeito pelos outros.

Fazemos uma coisa que nenhuma escola faz, aqui tudo está pensado de forma a recriar um hotel de luxo, com disciplina e rigor. Muitos estudantes se queixam de ter de vir de fato e gravata, mas quando aprendem a utilizar o fato de forma natural é quando ficam confortáveis num ambiente de grande exigência e só procuram fazer os clientes felizes. Quando um hotel ou uma marca de luxo lhes exige farda, já a sabem vestir. Os nossos estudantes estão habituados a uma disciplina muito forte. Por isso quando entram num hotel pensam: “Isto é como a minha escola, mas mais relaxado”. Quando treinas num standard muito alto e entras no mercado de trabalho ages de forma natural. Quando vimos de um ambiente que não é exigente faz-nos prestar mais atenção a nós próprios e não aos clientes. Os nossos estudantes estão abertos à aprendizagem e confortáveis.

As palavras-chave da escola são hospitalidade e comportamento.

Há três indústrias que têm um pagamento superior ao salário: a saúde, ONG e educação. Se fazes um bom trabalho todo o dia o impacto que geras ao mundo é muito maior. Algumas destas pessoas têm muito poder, mas filhos que estão perdidos e que quando terminam este curso mudam de atitude. Os pais agradecem-nos. Muitas vezes acham que o facto de terem pago faz dos seus filhos líderes, mas há questões mais valiosas. Queremos criar pessoas íntegras, abrimos-lhes as mentes, eles viajam, estagiam, trabalham, mostramos-lhe Mundo. É um entorno muito protegido. A escola dá uma capacidade de networking incalculável e o impacto é brutal.

Como descreve o vosso modelo de ensino?

Tem várias fases. Queremos ensinar humildade e, ao mesmo tempo, saber fazer. Os que dirigem devem fazer. Por uma razão técnica, se sabes como se faz uma cama, como se cozinha um prato, como se organiza um menu, qual o custo de uma refeição falas com as pessoas da tua equipa com muito mais credibilidade e conhecimento e sabes o duro que é fazer, há um ambiente de empatia. Esta é a primeira fase, fazer para aprender e ter humildade. Depois tens um estágio para consolidar o que aprendeste. Regressas e trabalhamos como funciona o interior de um hotel para aprenderes a técnica e as práticas de um manager de hotel. Tens mais um estágio e regressas para o treino final, muito parecido com um master numa escola de negócios. Assim terminas um curso a já ter trabalhado em duas empresas e depois treinas para ser líder e definir a estratégia.

O curioso é que há marcas de luxo que também vêm aqui recrutar, não são apenas cadeias hoteleiras.

A nossa história foi tradicionalmente construída em hotéis, mas a nossa surpresa é que empresas que não são hoteleiras, mas que têm um serviço ao cliente valioso, começaram a vir ao Campus. Primeiro foi a Apple, depois Louis Vuitton, Qatar Airways, Ritz Carlton, começaram a vir procurar managers para as suas empresas.

E que implicações é que isso deve ter?

Se estas pessoas vêm aqui recrutar, quer dizer que temos de começar a preparar pessoas com novos programas, lançámos há três anos uma pós-graduação em Marketing e Turismo. Cada vez mais não falamos em hotelaria, mas sim hospitalidade. Temos muito claro que trabalhamos e formamos as pessoas para fazer a diferença na qualidade e atenção ao cliente, formamos managers para dirigir equipas que fazem a diferença na experiência ao cliente.

Têm projectos para abrir novas escolas no mundo Les Roches, além da Suíça, Espanha e China?

Temos algumas intenções em outros continentes para complementar a oferta Les Roches. Nos próximos dois anos vamos abrir uma nova escola e temos projectos para abrir mais, mas não podemos ainda divulgar.

Dentro do luxo, que tendências aponta?

A percepção de luxo não é igual para as diferentes gerações. O luxo não é tanto ter as coisas associadas às pessoas com dinheiro. Antes era ter “o” relógio, “o” carro e empregados. O luxo agora é fazer coisas que poucas pessoas podem fazer, as novas gerações pagam por experiências. Isto é muito bom e mau. Antes as pessoas tinham dinheiro e pagavam um hotel de luxo, hoje temos de ser criativos. O luxo já não é tanto o músculo do dinheiro.

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