A Casa da Moeda dos Estados Unidos cunhou na quarta-feira a última moeda de um cêntimo, encerrando oficialmente mais de 230 anos de produção contínua da icónica moeda conhecida como penny. A decisão, anunciada pela administração de Donald Trump há seis meses, deve-se ao facto de o custo de fabrico ser quase quatro vezes superior ao valor nominal da moeda.
Segundo confirmou a Casa da Moeda, a última moeda de um cêntimo destinada à circulação foi produzida na unidade de Filadélfia, num evento simbólico que contou com a presença do secretário do Tesouro, Scott Bessent, e do tesoureiro dos Estados Unidos, Brandon Beach. “Hoje despedimo-nos do penny, mas quero ser absolutamente claro: ele continua a ser moeda legal”, afirmou Beach. “Ainda o podem usar nas lojas e em todos os pontos de venda.”
A instituição adiantou que, a partir de agora, apenas serão emitidas versões de coleção — sem valor de circulação — produzidas em quantidades limitadas. As duas últimas moedas cunhadas, incluindo o último penny de uso corrente, serão leiloadas.
Atualmente, estima-se que existam cerca de 250 mil milhões de pennies em circulação, de acordo com a American Bankers Association. Apesar desse volume, o presidente Donald Trump argumentou em fevereiro que a produção deixara de fazer sentido económico. “Durante demasiado tempo, os Estados Unidos têm cunhado moedas de um cêntimo que literalmente nos custam mais de dois cêntimos”, escreveu o presidente numa publicação online. “Isto é um desperdício! Instrui o secretário do Tesouro a suspender a produção de novos pennies.”
O primeiro cent americano foi produzido em 1787, com um design criado por Benjamin Franklin que apresentava um relógio de sol. A Casa da Moeda dos Estados Unidos assumiu oficialmente a produção em 1793, após a aprovação do Coinage Act pelo Congresso. Essa primeira versão, conhecida como o “Flowing Hair Cent”, era feita de cobre e exibia no anverso a figura feminina da Liberdade e, no reverso, uma corrente com 15 elos, representando os 15 estados da União.
Em 1857, foi introduzido um modelo mais pequeno, com uma águia em voo num dos lados e uma coroa de louros no outro, composto por 88% de cobre e 12% de níquel. Dois anos depois, o design foi alterado para incluir a famosa “cabeça de índio”. Já em 1909, por ocasião do centenário do nascimento de Abraham Lincoln, a moeda passou a ostentar o retrato do presidente norte-americano, num formato que se manteve praticamente inalterado até hoje.
Segundo estimativas do Tesouro, o fim da produção da moeda permitirá poupar cerca de 56 milhões de dólares por ano aos contribuintes. Ainda assim, as moedas existentes continuarão a ser aceites como meio de pagamento enquanto permanecerem em circulação.
Apesar do seu valor monetário reduzido — já não é possível, por exemplo, comprar o tradicional “penny candy” introduzido em 1896 —, o penny mantém uma forte carga simbólica na cultura americana. Expressões como “penny pincher” (pessoa avarenta), “pennies from heaven” (dinheiro inesperado) ou “penny wise and pound foolish” (poupado em detalhes, mas perdulário no essencial) ilustram a importância cultural que a moeda manteve ao longo de mais de dois séculos.
Com a última moeda cunhada, o penny — outrora símbolo de poupança e persistência — torna-se agora uma relíquia histórica, encerrando uma era que acompanhou o crescimento económico e cultural dos Estados Unidos desde o século XVIII.














