Vila Galé: Preservar o planeta

A Vila Galé desenvolve uma estratégia de sustentabilidade baseada no capital humano e na preservação do planeta.

As práticas sustentáveis são uma forma de diferenciação nesta actividade e muito valorizada pelos clientes. Este é um dos pontos fortes que o Grupo apresenta a nível de oferta. Em entrevista à Executive Digest, Pedro Azeitona, do departamento de Qualidade e Ambiente da Vila Galé, explica os principais desafios e oportunidades nesta área.

O Grupo está constantemente atento às melhores formas de modernizar e optimizar as unidades e projectos para que sejam cada vez mais eficientes e sustentáveis. Quais as oportunidades que a evolução tecnológica trouxe ao vosso grupo?
A Vila Galé sempre se pautou por um acompanhamento do aceleramento tecnológico. Nessa lógica, temos procurado adaptar-nos ao que de mais inovador vai surgindo, com recurso ao desenvolvimento de diversas ferramentas internas e utilização de algumas soluções que o mercado nos trouxe. A Covid-19 acabou por tornar o desenvolvimento destes processos indispensável e nesse sentido todo o sector tem vindo a preparar-se e a aumentar a sua competitividade. A evolução tecnológica abre assim espaço a oportunidades e benefícios, nomeadamente, a digitalização de sistemas e consequente redução de consumíveis; automatização e optimização de rotinas e processos permitindo um rendimento mais elevado do nosso capital humano; aumento de produtividade, entregando mais com a mesma base de recursos disponíveis; melhoria da capacidade de tomada de decisão com a crescente entrega de dados dos diversos sistemas envolvidos e através dos quais a comunicação acaba por ser potenciada. É, no fundo, um conjunto ferramentas que torna as empresas mais competitivas, focadas e preparadas para os tempos acelerados.

A sustentabilidade e a preocupação com o ambiente sempre foram centrais na definição de estratégias na Vila Galé. Os eco-hotéis são um modelo de sucesso junto dos clientes?
Na Vila Galé temos três eco-hotéis: Vila Galé Albacora, em Tavira; eco resort de Angra e eco resort do Cabo, ambos no Brasil. E muitos dos processos e procedimentos que têm foram já alargados a outras unidades, o que nos permite caminhar mais rápido e melhor para atingir as metas previstas. Estes processos permitiram desde cedo ir testando as diferentes soluções que foram surgindo no mercado, fazer um bom percurso de aprendizagem e acumular um know how robusto sobre as melhores práticas e tecnologias existentes. Fomos testando, aperfeiçoando e alcançando cada vez melhores níveis de eficiência. Naturalmente que todo esse percurso foi também essencial para reforçar a consciencialização de todos os envolvidos: colaboradores, clientes, parceiros, fornecedores, comunidades locais. E notamos uma maior preocupação por parte dos clientes, que procuram cada vez mais viajar de forma consciente e sustentável, pelo que as políticas que os alojamentos seguem a este nível são um factor decisivo na hora de escolher onde vão ficar. Por isso mesmo, são essenciais para o seu sucesso.

Como caracterizam o cliente português ao nível do compromisso com a Sustentabilidade?
Verificamos que os clientes procuram cada vez mais hotéis e experiências de viagem inteiramente preocupadas e verdadeiramente empenhadas na sustentabilidade ambiental e social. Por isso, tem vindo a aumentar o número de pessoas que quer fazer parte do processo, notando-se mais consciência quanto à necessidade de poupar água, recursos energéticos e reforçar o envolvimento com as comunidades locais. Neste sentido, as práticas sustentáveis são uma forma de diferenciação nesta actividade e muito valorizada pelos clientes. Este é um dos pontos fortes que a empresa apresenta a nível de oferta.

Quais são os eixos fulcrais da vossa estratégia, tendo em vista a melhoria da qualidade de vida das pessoas e do Planeta?
Na Vila Galé, desenvolvemos uma estratégia de Sustentabilidade baseada no capital humano e na preservação do planeta, tendo em conta todos os parceiros que fazem parte da nossa cadeia de valor. A estratégia é definida pela administração, alinhada numa estratégia global para o sector e apoiada nos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU. A revisão da estratégia para a Sustentabilidade é efectuada anualmente, tendo em conta uma análise de tendências globais existentes e emergentes e consequente identificação de possíveis riscos e oportunidades. É assim desenvolvido um plano de acção, onde são incorporadas nas nossas metas estratégicas de Sustentabilidade e que até 2030, passam por exemplo, por:
• Capital Humano: Totalidade dos colaboradores integrados num programa de formação contínua bem como propostos para uma promoção interna; 50% dos colaboradores de cada unidade proveniente da região;
• Preservação do planeta: 20% de redução dos resíduos indiferenciados; 85% de redução no uso de plástico de utilização única, 4% de redução no consumo de energia; 200% de aumento de produção de energia renovável; 25% de redução do desperdício alimentar.

Na vossa opinião, quais os principais desafios para podermos continuar a reduzir emissões numa economia em actividade e, idealmente, em crescimento?
Um dos principais desafios no nosso sector do turismo passa por manter um equilíbrio entre o desenvolvimento do meio ambiente, da economia e das sociedades e culturas, uma vez, que não podemos olhar para a descarbonização como uma “área” afeta apenas ao meio ambiente. Há toda uma envolvente que nos traz desafios constantes e que é parte integrante do desenvolvimento e do caminho que temos de seguir.
Outro desafio que gostaríamos de destacar, é a estreita parceria e o envolvimento que temos de promover junto de quem nos visita, para que o foco na sustentabilidade e descarbonização seja cada vez maior. Adicionalmente, há todo um trabalho interno que tem vindo a ser desenvolvido com o intuito de formar e informar o nosso cliente externo e sobretudo o interno, que todos os dias põem em prática pequenos passos para as nossas grandes metas. Para finalizar são de referir a desmaterialização e economia circular, temas muito preponderantes e que a curto prazo trarão estímulos muito fortes ao sector e desafios ainda maiores.

E ao nível da inovação energética, que aspectos gostariam de destacar?
A inovação energética é uma área em franco desenvolvimento, e o sector tem vindo a adaptar-se faseadamente. É importante referir que têm sido feitos muitos esforços de diversas entidades para que os apoios nestas áreas sejam cada vez mais abrangentes e permitam às empresas acompanhar este aceleramento tecnológico na área da energia. Além de todo o investimento que tem realizado na capacitação das suas unidades, quer a nível de redução de consumos, quer na própria produção de energia, a Vila Galé é actualmente parceira do projecto ‘The Journey’ que aborda e apoio a transição energética e a sustentabilidade no sector do turismo, alavancado pelo Turismo de Portugal, a Beta-i e a EDP, com o intuito de posicionar do país enquanto destino turístico sustentável e seguro.

Quais os objectivos para 2024 ao nível da redução da pegada ambiental?
Tendo em conta os desafios identificados e as estratégias que temos vindo a seguir, entre as prioridades podemos destacar: minimizar gastos energéticos, maximizar a eficiência hídrica, reduzir a pegada ambiental, apostar cada vez mais na economia circular, combater o desperdício, melhorar a gestão de resíduos, alargar a participação em projectos de educação ambiental, investir em mobilidade sustentável e qualificar os recursos humanos. Estamos comprometidos com metas ambiciosas que nos permitam contribuir para atenuar as alterações climáticas e reduzir o impacto directo da empresa.

Este artigo faz parte do Caderno Especial “Redução da Pegada Ambiental”, publicado na edição de Outubro (n.º 211) da Executive Digest.

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