Uma relação com dois sentidos

Representando cerca de 10% das vendas do grupo nabeiro no mundo, é de áfrica que chega o café, matéria-prima de produtos muito apreciados mundialmente

Foi em 2000 que a Angonabeiro, empresa do Grupo Nabeiro, começou a actuar no mercado angolano na área do comércio e da indústria, com as marcas de café Ginga e Delta, os produtos Adega Mayor, Qampo e a água Vimeiro. Quase duas décadas depois, a Angonabeiro detém uma posição de liderança consolidada do mercado de cafés torrados em Angola que abrange os segmentos de grão, moído e cápsulas. Ainda que o café tenha uma base de consumo reduzida, «sentimos que o nosso empenho em divulgar o produto tem contribuído para o crescimento da categoria em Angola», sublinha Rui Miguel Nabeiro, administrador do Grupo Nabeiro – Delta Cafés.

Hoje a Angonabeiro é «uma empresa presente em várias categorias de produto e comprometida com a qualidade que oferece aos consumidores em várias áreas de negócio». Comercializa os Cafés Delta, Delta Q e Ginga e também as marcas de chá Deltea e Tetley. Está presente na categoria de vinhos, azeites e vinagres com a marca Adega Mayor e detém a marca Qampo (com azeitonas, tremoços e pickles).

Ciente da importância de se adaptar ao mercado, o Grupo Nabeiro que tem, nestes últimos anos, diversificado o portfolio de produtos comercializados através de novas categorias que fazem sentido para o mercado angolano (as massas alimentares Marimba, a representação do azeite Serrata e de Dan Cake, entre outras). «Estas categorias têm contribuído positivamente para o crescimento do negócio e para o fornecimento do mercado com produtos de qualidade e a preços competitivos e ajustados ao consumidor», salienta Rui Miguel Nabeiro. As marcas Delta Cafés e Ginga são as referências Top of Mind da categoria de café em Angola. «O consumidor está a despertar para o consumo de café e podemos dizer que tem vindo a alterar hábitos nos últimos anos e está agora muito mais envolvido com a categoria.

Já compreende que o café lhe oferece o benefício chave da energia natural que o ajuda a enfrentar o dia-a-dia com mais ânimo e vitalidade.» No entanto, Rui Miguel Nabeiro acredita que a categoria tem ainda muito espaço para crescer em Angola e que vai continuar a crescer nos próximos anos. Para isso há todo um trabalho que tem vindo a ser feito no sentido de “educar” os consumidores mais jovens para beber e apreciar o café expresso.

Esse trabalho passa pela degustação do produto, havendo degustações frequentes em eventos e locais públicos, de forma a criar referências de sabor no consumidor e estimular o hábito de consumo. Depois há a presença junto dos locais onde esse consumidor está. «Estamos em mais de 250 pontos de venda de retalho e em mais de 600 pontos de venda de hotelaria, restauração e institucional», recorda Rui Miguel Nabeiro que lembra que têm uma equipa de vendas dedicada por canal (Horeca, Retalho, Foodservice e Institucional) sendo mais de 90% dos 118 colaboradores da Angonabeiro de nacionalidade angolana.

Ao nível de promoção, este ano estão também a apostar em dinamizar o canal online com parceiros com experiência nesta área. Aliás, recentemente foi lançado o café Ginga 3+1 com uma opera- ção de retalho formal e informal massiva para degustação do produto. Numa só saqueta individual este produto reúne café, açúcar e creme, que tornam a bebida muito saborosa, bem ao gosto angolano. Este ano têm também um plano promocional muito forte para colocação de máquinas de café em cápsulas no retalho, e estão em TV com o embaixador de marca Anselmo Ralph, que desenvolveu uma música específica para o café Delta Q.

A simplicidade e rapidez do sistema Delta Q está a democratizar o consumo de café expresso e tornou-se o maior negócio da empresa em Angola. Esta popularidade tem reflexo também nas redes sociais: a página de facebook Delta Q Angola chegará este ano aos 200.000 seguidores. A marca Delta Cafés terá este ano em Angola um barista profissional que vai dar formação gratuita a alunos de hotelaria e restauração e também aos melhores clientes horeca, de forma a garantir um expresso sempre perfeito em cada vez mais espaços de restauração.

MÃE-ÁFRICA

Quando, em 1998, a Angonabeiro entrou no mercado angolano, verificava-se uma falta de formação de quadros e uma significativa falta de matéria-prima. Para contrariar esta conjuntura, a empresa apostou na recuperação de infra-estruturas, na formação de recursos humanos e na oferta de meios técnicos para recuperar a cafeicultura em Angola. Para além disso, a empresa acompanha os produtores locais, desde a plantação à colheita, para garantir que a qualidade do café é a melhor possível e financia, inclusivamente, pequenos produtores sem comissões adicionais.

No sentido de garantir o escoamento do produto dos seus fornecedores, a Angonabeiro celebra contratos de compra de café, nos quais são definidos os preços em função das cotações do mercado internacional. «Esta iniciativa oferece segurança ao produtor, uma vez que lhe permite, logo à partida, assegurar uma margem para o seu negócio», explica o administrador.

Este procedimento contribuiu, definitivamente, para que muitos camponeses, agricultores e produtores tenham voltado à cafeicultura, que até aí estava praticamente abandonada. Ainda assim, «a cafeícultura continua a estar num nível bastante rudimentar e baseada unicamente na agricultura familiar e à espera de um verdadeiro investimento global na fileira, que tarda em ser feito, mas que necessitará sempre de um esforço de captação de investimento privado externo, com conhecimento no sector, e que, até este momento ainda não aconteceu».

Apesar disso, o Grupo Nabeiro – Delta Cafés nota alguma evolução no que diz repeito ao café disponível, pois com a compra continuada do mesmo, sente que cada vez mais cafeícultores se interessam por voltar à terra. «Mas, falamos sempre de uma escala ainda reduzida, de uma agricultura familiar e de subsistência.»

Representando cerca de 10% das vendas totais do Grupo Nabeiro a nível mundial e cerca de 25% das vendas internacionais, África foi, desde sempre, estratégica para o Grupo Nabeiro. Inicialmente era-o do ponto de vista de fornecimento de matéria-prima já que o café verde de Angola sempre foi muito apreciado em todo o mundo e continua a incorporar muitos dos produtos da Delta. «Nos últimos anos África tornou-se também importante do ponto de vista de mercado, sendo que o Grupo tem vários projectos em curso para fazer crescer o consumo neste continente.

Vamos, por um lado continuar a acompanhar os produtores de café e por outro continuaremos a dinamizar o produto, explicando os benefícios da categoria, e tornando o café cada vez mais apelativo para o consumidor final», sublinha o administrador. Em Moçambique, a Delta está presente desde a década de 90, através do distribuidor MEGA, sendo este o segundo mercado mais importante deste continente para o Grupo. «Neste mercado temos sentido francos progressos no crescimento das máquinas e cápsulas de café Delta Q e detemos uma posição consolidada no canal horeca», sublinha Rui Miguel Nabeiro. Trata-se de um mercado em desenvolvimento e que tem potencial para crescer nos próximos anos.

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