Gripe aviária. Há infeções “preocupantes” em novas espécies, alerta OMS

Maria Van Kerkhove, diretora do Departamento de Prevenção e Preparação para Epidemias e Pandemias (EPP) da Organização Mundial da Saúde (OMS), referiu que, embora atualmente “a atenção esteja focada sobretudo nos Estados Unidos” no que diz respeito à gripe aviária, estamos a assistir a “uma epizootia global”.

Há uma situação “preocupante”, indicou, em que se observam infeções em novas espécies, como mamíferos marinhos ou terrestre, além de aves selvagens ou aves de capoeira. “Precisamos de uma vigilância muito mais forte nos animais em todo o mundo, não apenas nos EUA, olhando para as espécies que sabemos que podem estar infetadas. A prevenção é fundamental no animal, no ser humano e entre animais e seres humanos”, referiu a especialista.

O caso do vírus da gripe aviária (H5N1, detetado nos EUA em gado leiteiro, está a fazer soar os alarmes. “Houve uma doença inexplicável no gado leiteiro que causou uma queda na produção de leite nos Estados Unidos” no início de 2024, explicou Aspen Hammond, responsável da OMS. “Na verdade, a deteção da gripe aviária H5N1 no leite da vaca. Também houve deteções de H5N1 em outros animais perto de rebanhos leiteiros afetados. Ouvimos relatos de infeções detetadas em gatos e guaxinins, aves selvagens e domésticas próximas.”

“Foi relatado que o leite de vacas afetadas contém uma carga viral muito alta do H5N1, o que contrasta com a baixa carga viral das amostras nasais recolhidas dessas vacas. Também houve relatos de que vacas assintomáticas testaram positivo para o H5N1, e que o H5N1 também foi detetado nos pulmões de uma vaca de um matadouro que não apresentou sintomas”, frisou Hammond.

“Suspeita-se que a transmissão de vaca para vaca provavelmente ocorra por meios mecânicos, mas, novamente, esta é uma das áreas que está a ser investigada para entender como o vírus é transmitido para, de e entre vacas”, comentou.

As infeções pelo vírus da gripe aviária em humanos podem causar doenças que variam desde uma infeção leve do trato respiratório superior até doenças mais graves, potencialmente fatais. “Foram relatados em alguns casos sintomas não respiratórios. Conjuntivite, sintomas gastrointestinais, encefalite e encefalopatia também foram relatados em infeções humanas anteriores pelo vírus A (H5N1)”, lembrou Hammond.

No entanto, o especialista sublinhou que as atuais evidências epidemiológicas e virológicas sugerem que “os vírus da gripe A(H5) não adquiriram a capacidade de transmissão sustentada entre humanos, pelo que a probabilidade de contágio é baixa”. Porém, os especialistas recordaram que a gripe aviária H5N1 “não está apenas nos Estados Unidos, mas surgiu em 1996 e desde 2002 é endémica ou espalhou-se globalmente”, “Mas esta é a primeira vez que foi observada em vacas”, concluíram.

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