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XXXII BARÓMETRO EXECUTIVE DIGEST: Nelson Ferreira Pires, Jaba Recordati, S.A.

A análise de Nelson Ferreira Pires, General Manager da Jaba Recordati, S.A.

O ORÇAMENTO DO “RATO” OU DA “CIGARRA” ?

O barómetro da Executive é um fantástico meio de “sentir o pulso” dos líderes das grandes organizações empresariais. E apesar de uma expectativa de crescimento do PIB mais favorável em 2023 (sg o CFP em 21 de setembro) de +2,2%, confirmado pelo barómetro que refere que 69% dos participantes esperam manter ou um crescimento nulo ou ate 10%. Mas ainda existem 19% resilientes que esperam crescer as suas vendas em 2 dígitos versus 2022. Talvez confirmado pela expectativa do aumento do consumo privado e do perfil exportador das empresas. Devido ao perfil dos participantes (grandes empresas) falta-nos a perspectiva das micro e pequenas empresas, provavelmente com desafios maiores. Mas também qual o peso da inflação (5,2%) neste crescimento. E os desafios são claros face ao cenário futuro desconhecido: a contração da procura (portanto do consumo e das vendas) assim como a escassez de mão de obra (talvez em áreas menos qualificadas como na restauração mas também em áreas de formação especializada como nas TIs). E como prever o futuro é impossível, é também difícil antecipar as tendências que mais afetarão o negócio. O foco no cliente e a transformação digital são as mais relevantes tendências que os empresários querem potenciar. Julgo que aqui há alguma confusão de conceitos e, portanto, o digital sumariza todos os outros. Pelo que a menor “preocupação” (26%) com a cibersegurança é uma surpresa.

Julgo que há uma boa notícia, pois a taxa de desemprego espera-se que se mantenha ou reduza. Mas o crescimento económico também. Assim como o aumento dos juros na divida pública, a crise nos mercados de exportação Europeus (como o Alemão), podem colocar em risco a nossa macroeconomia. Em 2023 prevemos um excedente orçamental do PIB, mais de dois terços dos quais explicados pela conjuntura económica favorável. Mas em ano de eleições, o orçamento vai ser de “rato” ou de “cigarra”? Nomeadamente para “amealhar” para os anos futuros em que se estima um aumento da despesa pública em 8 mil milhões de euros”?.

Testemunho publicado na edição de Outubro (nº. 211) da Executive Digest, no âmbito da XXXII edição do seu Barómetro.