Tem algum destes (muito) populares dispositivos da Apple? Vão passar a ser ‘vintage’ (e ficam sem assistência técnica)

Seis dispositivos que marcaram a última década da Apple foram agora oficialmente classificados como “vintage”, o que significa que os seus proprietários podem ficar sem apoio técnico e assistência oficial em caso de avaria.

Pedro Gonçalves
Julho 19, 2025
14:30

Seis dispositivos que marcaram a última década da Apple foram agora oficialmente classificados como “vintage”, o que significa que os seus proprietários podem ficar sem apoio técnico e assistência oficial em caso de avaria. A decisão foi avançada pela própria Apple e destacada pelo portal especializado MacRumors, numa atualização recente que também colocou três produtos na temida lista de dispositivos “obsoletos”.

Entre os produtos agora considerados vintage estão o icónico Mac Pro de 2013, apelidado de “caixote do lixo” pelo seu design cilíndrico, o MacBook Air de 13 polegadas de 2019, o iMac do mesmo ano, dois modelos do iPad Pro lançados em 2018 (11 e 12,9 polegadas), bem como o iPhone 8 com 128 GB de armazenamento. Apesar de alguns destes dispositivos terem sido lançados há apenas seis ou sete anos, a Apple considera-os agora ultrapassados para efeitos de assistência técnica.

A empresa norte-americana classifica como “vintage” os produtos que deixaram de ser vendidos há mais de cinco anos. Embora as lojas Apple e os centros de assistência autorizados ainda possam realizar reparações nestes equipamentos, a disponibilidade de peças não é garantida, o que compromete a fiabilidade do serviço. No caso dos produtos “obsoletos” – como os routers AirPort Express, AirPort Time Capsules de 2 e 3 TB e o AirPort Extreme com tecnologia 802.11ac – a situação é mais grave: a Apple deixa de fornecer qualquer tipo de assistência, mesmo que existam componentes em stock.

O Mac Pro de 2013, que custava cerca de 3.000 dólares à data do lançamento, tornou-se uma peça de culto pela sua estética invulgar e pelas comparações a objetos tão distintos como um robot de “Star Wars” ou uma panela de arroz. No entanto, a sua arquitetura fechada foi criticada por não satisfazer as exigências dos utilizadores profissionais, tendo sido substituído em 2019 pelo modelo conhecido como “ralador de queijo”, com preço base de 6.000 dólares.

No caso do iPhone 8, apresentado em 2017, a imprensa especializada chegou a considerá-lo “o melhor smartphone que a Apple alguma vez produziu”, destacando a traseira em vidro e o carregamento sem fios. No entanto, com a inclusão na lista vintage, todas as versões deste modelo — 64GB, 128GB e 256GB — perderam a garantia de assistência oficial. O mesmo destino coube aos iPad Pro de 11 e 12,9 polegadas lançados em 2018, elogiados pela crítica como “os melhores tablets do mercado” graças ao ecrã de alta definição e à velocidade de processamento.

Segundo a Apple, os produtos obsoletos são aqueles que deixaram de ser comercializados há mais de sete anos e já não são elegíveis para qualquer tipo de reparação. “A Apple interrompe todos os serviços de hardware para produtos obsoletos e os fornecedores de assistência não podem encomendar peças para esses produtos”, lê-se no site oficial da marca. Há, no entanto, uma exceção: os computadores portáteis da linha Mac podem, em casos muito específicos, beneficiar de reparações de bateria até 10 anos após a data de descontinuação — desde que ainda existam peças.

A atualização das listas da Apple reacende críticas antigas sobre a curta longevidade dos seus dispositivos. Especialistas ambientais e deputados britânicos acusam empresas tecnológicas como a Apple e a Amazon de alimentarem a chamada “crise dos resíduos eletrónicos”, ao desenharem produtos com um ciclo de vida demasiado curto. “Demasiados dispositivos têm uma duração limitada — e, por vezes, cada vez mais curta — acabando no lixo, em aterros ou em incineração”, alertou em 2020 o ex-presidente da Comissão de Auditoria Ambiental do Parlamento britânico, Philip Dunne.

Este problema é agravado pelo facto de a Apple lançar, todos os anos, novos equipamentos com grande pompa mediática, enquanto discretamente descontinua modelos relativamente recentes. Para os consumidores, esta política implica não só custos acrescidos com a substituição dos dispositivos, mas também preocupações crescentes com o impacto ambiental das tecnologias descartáveis.

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