Zelensky aceita fim da guerra em troca de adesão à NATO
Volodymyr Zelensky sugeriu, esta sexta-feira, que poderia fechar um acordo de cessar-fogo se o território ucraniano ficasse sob “o guarda-chuva da NATO” – permitindo que se negociasse o regresso de território ocupado pela Rússia mais tarde “de forma diplomática”.
Numa entrevista aos britânicos da ‘Sky News’, o presidente ucraniano salientou que a adesão à NATO teria de ser oferecida às partes desocupadas da Ucrânia para pôr fim “à fase quente da guerra”, desde que no próprio convite da NATO ficassem estabelecidas as fronteiras internacionalmente reconhecidas da Ucrânia, parecendo aceitar que as regiões ocupadas do leste ucraniano fiquem de fora desse acordo, por enquanto.
“Se quisermos acabar com a fase quente da guerra, precisamos tomar sob o guarda-chuva da NATO o território da Ucrânia que temos sob nosso controlo”, explicou.
“Precisamos de fazer isso rápido. E então, o território ocupado da Ucrânia pode ser recuperado de forma diplomática”, apontou, salientando que um cessar-fogo é necessário para “garantir que o presidente Vladimir Putin não regressa” para conquistar mais território ucraniano.
No entanto, a NATO deve cobrir “imediatamente” a parte da Ucrânia que permanece sob controlo de Kiev – algo que, defendeu Zelensky, a Ucrânia precisa “muito, caso contrário ele [Putin] regressará”.
Esta foi a primeira vez que Zelensky sugeriu um acordo de cessar-fogo que inclui o controlo russo do território ucraniano: durante toda a guerra, o presidente ucraniano garantiu sempre que não cederia qualquer território ucraniano ocupado por Moscovo, incluindo a Crimeia, que a Rússia ocupou em fevereiro de 2014 e anexou formalmente no mês seguinte.
A Constituição ucraniana proíbe qualquer cedência de território, indicou o presidente ucraniano, pelo que a única forma de avançar seria através da aprovação das pessoas que vivem nas áreas ocupadas – recorde-se que cerca de um quinto do território ucraniano permanece sob controlo russo.
Em setembro de 2022, a Rússia declarou unilateralmente a anexação de áreas dentro e ao redor das províncias ucranianas de Donetsk, Kherson, Luhansk e Zaporizhia após referendos que não foram reconhecidos internacionalmente. A posição de Zelensky é que o território continua a ser ucraniano, que a ocupação pela Rússia é ilegal e que Kiev não cederá qualquer parte do seu território para fechar um acordo de paz.
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