OE 2025: Mais de 75% dos portugueses quer proposta do Governo viabilizada no Parlamento, revela sondagem

A proposta de Orçamento do Estado para 2025, apresentada pelo Governo, encontra-se em debate no parlamento e deve ser aprovada com o apoio do PS, segundo uma sondagem recente conduzida pelo Centro de Estudos e Sondagens de Opinião (CESOP) da Universidade Católica Portuguesa para a RTP, a Antena 1 e o jornal Público. A sondagem revela que uma grande maioria dos portugueses, 76%, defende a aprovação do documento, numa altura em que o líder socialista, Pedro Nuno Santos, já anunciou a intenção de viabilizar o orçamento através da abstenção da bancada do PS. Esta posição assegura a aprovação final marcada para 29 de novembro, com uma configuração política que exige o apoio ou abstenção do PS ou do Chega.

Entre os inquiridos, realizados entre 17 e 23 de outubro, 79% afirmam que o PS deve deixar passar o orçamento, com apenas 12% a defender a rejeição por parte dos socialistas. A margem de erro da sondagem é de 3% e o nível de confiança é de 95%. O apoio à viabilização pelo PS torna-se, assim, fundamental para a sua aprovação, uma vez que o executivo da AD não detém maioria no parlamento.

Relativamente ao Chega, a sondagem mostra que 57% dos inquiridos acreditam que o partido liderado por André Ventura deveria também viabilizar o orçamento, face a 22% que defendem que o Chega o deveria rejeitar. Este apoio, embora menos expressivo que o do PS, indica um apoio relevante no contexto da aprovação orçamental, com um quarto dos inquiridos (21%) a não manifestarem uma opinião específica sobre a posição do Chega.

O primeiro-ministro, Luís Montenegro, é considerado pelos portugueses como o político que mais se esforçou para garantir a aprovação do orçamento. Cerca de 62% dos inquiridos identificaram o líder do executivo como tendo feito “um esforço maior para procurar a aprovação” do documento, em contraste com apenas 21% que consideraram que foi o líder do PS, Pedro Nuno Santos, a investir mais nesse sentido. Esta perceção está ligada a um processo negocial público focado em temas como a redução do IRC e do IRS Jovem, propostas que provocaram intensos debates ao longo do processo orçamental.

Embora os portugueses apoiem a viabilização do orçamento, a sondagem revela que, em caso de rejeição, a responsabilidade política seria atribuída sobretudo ao Governo. Questionados sobre quem deveria ser responsabilizado numa eventual crise política caso o orçamento fosse chumbado, 37% dos inquiridos indicaram o Governo como o principal responsável, enquanto 31% apontaram para o PS e 18% para o Chega. Estes números mostram uma perceção crítica em relação à AD, ainda que exista uma expectativa de apoio por parte dos socialistas para evitar uma crise.

No cenário de um possível chumbo do orçamento, 67% dos inquiridos preferem que o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, permita que o Governo apresente uma nova versão do documento na Assembleia, ao invés de convocar eleições antecipadas, uma opção apoiada por 29% dos participantes. Esta posição reflete uma vontade da população em evitar uma crise política e eleitoral imediata, favorecendo uma resolução interna no parlamento.

Quase metade dos inquiridos, 50%, não considera que o eventual chumbo do orçamento traria benefícios aos partidos. Entre os que acreditam no efeito positivo de um eventual bloqueio orçamental, 18% apontam que o Chega seria o principal beneficiado, seguido pelo PS, com 13%, e pela AD, com 11%. Estes dados sugerem uma perceção de que, mesmo com a rejeição, o Chega conseguiria aproveitar o contexto politicamente, enquanto o PS poderia sofrer menos impactos negativos, dada a sua posição como partido de oposição.

A sondagem inquiriu ainda os portugueses sobre a sua visão em relação às principais propostas de alívio fiscal: a redução do IRC e do IRS Jovem, que têm estado no centro das discussões orçamentais. Para 19% dos inquiridos, a redução do IRC, que beneficia as empresas, é mais importante para o país, enquanto 16% dão prioridade ao alívio fiscal para os jovens trabalhadores através do IRS Jovem. Contudo, uma maioria de 51% prefere que ambas as áreas recebam reduções fiscais, revelando uma expectativa de apoio mais abrangente em matéria fiscal. Apenas 12% defendem que nenhum destes impostos deve ser reduzido sem contrapartidas adicionais.

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