Montenegro reúne-se hoje com autarcas de Lisboa para preparar resposta a onda de violência

O primeiro-ministro Luís Montenegro convocou para esta quinta-feira uma reunião de emergência com os presidentes de câmara e autarcas da Área Metropolitana de Lisboa (AML), com o objetivo de abordar os recentes episódios de violência que têm assolado a região. Esta reunião, marcada para o dia de hoje, surge na sequência dos tumultos que eclodiram após a morte de Odair Moniz, baleado por um agente da PSP no bairro da Cova da Moura, na Amadora.

Na reunião do Conselho Metropolitano de Lisboa, marcada para as 10:30, estarão presentes o ministro da Presidência, António Leitão Amaro, e a ministra da Administração Interna, Margarida Blasco, além de autarcas dos 18 municípios que compõem a Área Metropolitana de Lisboa (AML).

A situação de instabilidade na Grande Lisboa, que culminou em várias noites de desacatos e destruição de propriedade pública e privada, tornou-se uma prioridade para o Governo. Segundo Montenegro, o encontro desta quinta-feira visa “aprofundar a melhor maneira de suster estes episódios de violência, eliminá-los e estabelecer aquilo que é do interesse público e do país”, sublinhando a importância de um diálogo eficaz entre o Governo, as forças de segurança e as comunidades locais.

O primeiro-ministro destacou que as causas dos distúrbios estão profundamente enraizadas em problemas sociais que afetam diversos bairros da capital e arredores. “Alguns bairros merecem a nossa intervenção”, afirmou Montenegro, referindo-se às zonas onde as tensões são mais pronunciadas e onde a intervenção do Estado será mais focalizada. O objetivo do encontro, segundo o chefe do Executivo, é desenvolver estratégias eficazes para prevenir novos confrontos e fomentar o entendimento entre as autoridades e as comunidades.

Do lado do Governo, participarão na reunião a ministra da Administração Interna e o ministro da Presidência, segundo fonte do executivo.

Montenegro salientou que quem se queira manifestar as suas preocupações ou “até as suas revoltas contra o poder político” deve e pode fazê-lo dentro do quadro legal.

A convocatória de Montenegro para esta reunião de urgência reflete a preocupação crescente do Governo em garantir a segurança pública e evitar uma escalada de violência. O primeiro-ministro já tinha deixado claro, em declarações anteriores, que “não podemos tolerar de maneira nenhuma a violência”, elogiando, ao mesmo tempo, o papel das forças de segurança na contenção dos distúrbios, que classificou como “notável”.

Montenegro frisou que as forças policiais têm sido “muito competentes em conter essa onda de violência” e que, até ao momento, o Executivo tem mobilizado todos os recursos necessários. No entanto, o primeiro-ministro admitiu que, caso a situação se agrave, o Governo poderá ser forçado a “endurecer essa contenção”. O apelo ao bom senso e respeito foi reforçado, com Montenegro a sublinhar a necessidade de evitar que os distúrbios se transformem num ciclo vicioso de violência.

Entretanto, a Direção Nacional da PSP anunciou esta quarta-feira uma política de “tolerância zero a qualquer ato de desordem e destruição por parte de grupos criminosos” que têm sido responsáveis pelos episódios de violência dos últimos dias. Pedro Gouveia, diretor nacional da PSP em suplência, garantiu que os serviços de segurança estão a trabalhar em uníssono para restabelecer a ordem pública, afirmando que as entidades envolvidas estão a agir de forma coordenada para garantir a tranquilidade dos cidadãos.

“A polícia tem mantido uma presença reforçada nas áreas afetadas, e continuaremos a garantir que a ordem pública seja restabelecida”, disse Gouveia, acrescentando que apelos à violência e desordem nas redes sociais estão a ser investigados. Vários indivíduos suspeitos de incitar a prática de crimes online estão na mira das autoridades e poderão enfrentar consequências legais.

Os distúrbios começaram na noite de segunda-feira, após a morte de Odair Moniz, de 43 anos, que foi baleado pela PSP durante uma operação policial na Cova da Moura. Segundo o comunicado da PSP, Moniz teria fugido de uma viatura policial e, posteriormente, resistido à detenção, utilizando uma arma branca. No entanto, associações como o SOS Racismo e o movimento Vida Justa contestaram a versão oficial, exigindo uma “investigação séria e isenta” para apurar responsabilidades.

Desde a noite de segunda-feira, várias áreas da AML, incluindo o bairro do Zambujal, foram palco de tumultos, com autocarros, automóveis e caixotes do lixo incendiados. A polícia efetuou três detenções, enquanto dois agentes foram hospitalizados devido a ferimentos causados por pedras arremessadas. Dois passageiros de um autocarro incendiado sofreram esfaqueamentos ligeiros.

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