Corrida pelo lítio tem avanço impressionante. Há uma nova forma de extrair mineral crítico da água do mar

A crescente procura por minerais críticos, como o lítio, impulsionada pela transição energética e pelo desenvolvimento de tecnologias limpas, tem levado à necessidade urgente de métodos de extração mais eficientes e sustentáveis. O lítio, fundamental para a produção de veículos elétricos e sistemas de armazenamento de energia, é atualmente obtido de maneiras que apresentam desafios económicos, laborais e ambientais significativos.

A extração a partir de rochas duras está frequentemente associada à violação dos Direitos Humanos e a más condições laborais, principalmente em países menos desenvolvidos. Por outro lado, o método de extração de lítio de salmouras naturais, como aquelas encontradas em depósitos de água salgada, é considerado energeticamente ineficiente e altamente dependente de recursos como a água.

No entanto, uma equipa de investigadores da Universidade de Ciência e Tecnologia King Abdullah, na Arábia Saudita, apresentou uma nova esperança para o setor. Publicados na prestigiada revista Nature, os investigadores revelaram dois novos métodos que prometem ser mais eficientes e menos poluentes para a extração de lítio a partir de salmouras diluídas, incluindo água do mar, revela o ‘elEconomista’.

O primeiro método proposto utiliza a luz solar para criar um gradiente de pressão, em vez de acelerar a evaporação da salmoura na superfície de lagoas de evaporação. Inspirado na transpiração das plantas, este método emprega uma membrana composta por óxido de alumínio e nanopartículas de alumínio, que flutua na superfície da salmoura. Esta membrana não só filtra os iões de lítio, como também armazena os sais separados.

De acordo com os investigadores, este método oferece uma vantagem importante: funciona de forma passiva, o que reduz os custos, o consumo de energia e as emissões de carbono. Além disso, pode ser facilmente adaptado às lagoas de evaporação já existentes, tornando-o uma solução prática e economicamente viável.

O segundo método proposto é inspirado no funcionamento de uma bateria de lítio. Utilizando uma abordagem eletroquímica, o processo envolve o uso de elétrodos para reciclar os iões de lítio da salmoura, que depois são libertados em compartimentos de água doce. Este método mostrou-se eficaz até mesmo em salmouras mais concentradas, produzindo carbonato de lítio com uma pureza superior a 99,95%.

Ainda assim, os investigadores alertam que, em testes piloto com salmouras do Mar Morto, a taxa de recuperação de lítio foi de 84%, o que sugere que serão necessárias etapas adicionais de purificação para melhorar a eficiência.

Embora ambos os métodos ainda estejam em fase experimental e seja cedo para avaliar o seu desempenho em grande escala, as descobertas trazem uma promessa significativa. Caso comprovem a sua eficácia, estes processos poderão desempenhar um papel crucial na satisfação da crescente procura por lítio, explorando os vastos recursos presentes nas salmouras naturais, como a água do mar, que se estima conter mais de 230 mil milhões de toneladas de lítio.

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