Kremlin dá instruções aos media russos para retratarem invasão de Kursk “como o novo normal” e que pode demorar meses a recuperar território

O Kremlin instruiu os veículos de propaganda do Estado russo a minimizar a importância da incursão da Ucrânia na região de Kursk, denunciou esta quinta-feira o site de notícias independente ‘Meduza’, e preparar o público para o facto de que, embora a área ocupada por Kiev seja eventualmente recuperada, isso pode levar tempo – semanas, ou até meses.

Segundo fontes internas, os propagandistas de Moscovo deveriam apresentar a ocupação “temporária” como um “novo normal” e evitar retratar a situação como “chocante ou perigosa”. “É necessário que as pessoas considerem o que está a acontecer não como um desvio, mas como uma nova norma, ainda que temporária. Isso deve ser reconfortante. É difícil existir desviando-se da norma. A norma, mesmo que seja nova, é mais simples para as pessoas aceitarem”, salientou um especialista em media ligado ao Kremlin citado pelo site ‘Meduza’.

Estas instruções ajudam a explicar o motivo pelo qual o presidente russo, Vladimir Putin, vem retratando as suas atividades oficiais como “negócios de sempre” na última semana, embora haja quem afirme que a sua abordagem “não intervencionista” tem muito a ver com o facto de o presidente russo se distanciar das tentativas de recuperar Kursk caso tudo dê errado.

O plano do Kremlin é que os media, tanto impressos, como televisivos, canalizem o choque inicial causado pela invasão de Kursk “para uma direção positiva”, ou seja, que vai acontecer a recuperação dos territórios, mas que pode levar tempo, pelo que as pessoas devem ser pacientes “e esperar”.

Ao mesmo tempo, o Kremlin instruiu os governadores regionais a organizar a recolha de assistência financeira e de outro tipo para a região de Kursk. De acordo com fontes da ‘Meduza’, isso pode incluir a dedução forçada de uma proporção dos ganhos de funcionários públicos e corporações estatais.

Por último, dentro do Kremlin acredita-se que levará vários meses para recuperar os territórios ocupados por Kiev, sendo que a fonte do site de notícias independente revelou que “poderia ser até bastante otimista, mesmo que dê tudo certo” para os militares russos.

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