Pequim continua guerra fria contra gigantes empresariais e ataca educação privada
Pequim começou a combater os preceptores, explicadores e o ensino em casa, em todas as idades escolares desde o ensino básico até ao 12º ano. Segundo o regime de Xi Jinping o objetivo é aliviar financeiramente as famílias e promover a natalidade em queda.
O novo plano está a ser elaborado pelo Ministério da Educação e pode ser publicado já no final de junho. Pequim vai rever os preços cobrados, as explicações privadas vão ser proibidas nas escolas públicas e reprimidas sobretudo para inglês e matemática, onde os explicadores são mais caros, revelaram duas fontes próximas do ministério contactadas pela Reuters.
Um estudo interno de 2016 revela que 75% dos alunos do ensino primário frequentavam estas explicações privadas. Este setor educacional cresceu exponencialmente nos últimos anos e pode ser avaliado globalmente em 108 mil milhões de euros.
Logo após a publicação desta notícia a startup chinesa que trabalha com a educação online Yuanfudao, apoiada pela gigante tecnológica Tencent , suspendeu as negociações preliminares para lançar uma oferta pública inicial na ordem dos 832 mil milhões de euros.
A Yuanfudao foi avaliada em outubro em 10, 8 mil milhões de euros.
Esta é a segunda afronta de Pequim contra um gigante da economia chinesa em menos de dois dias. Ontem a imprensa internacional revelou que as críticas da associação estatal de consumidores acerca das práticas comerciais de dois magnatas chineses da tecnologia fizeram a lista dos mais ricos da China perder cerca de 5 mil milhões de euros.
Esta guerra fria entre empresários e regime chegou a tal ponto que na semana passada, o fundador da Meituan, Wang Xing publicou no Fanfou, uma rede social asiática, um poema da dinastia Tang sobre a forma como a monarquia da altura queimou os livros de Qin Shi Huang, com medo de que os intelectuais derrubassem o poder.
Mais tarde, o CEO apagou o post e afirmou que o poema significava que o maior inimigo “são muitas vezes as empresas e modelos de negócios que ainda não foram notados”, de forma a fugir das acusações de estar a fazer frente ao regime de Xi Jinping.