O que esperar de 2024?: Vasco Antunes Pereira, Grupo Lusíadas Saúde

Testemunho de Vasco Antunes Pereira, CEO do Grupo Lusíadas Saúde

1. Que alterações perspectiva que possam vir a impactar o seu sector em 2024?

2024 será impactado pela continuidade das tensões geopolíticas a nível global, pela instabilidade política que Portugal atravessa e pela evolução económica e financeira das diversas economias mundiais. Será, por isso, um ano que irá exigir uma atenção redobrada para o impacto da expectável desaceleração económica no País.

Para a saúde em particular, considero que seja importante continuar a olhar para o sector numa perspectiva integrada, holística e articulada com todos os players do Sistema Nacional de Saúde. Actualmente, vive-se um contexto de instabilidade, o qual pode estar a impactar a qualidade de resposta dos cuidados de saúde nacionais, pelo que é preciso priorizar a confiança dos portugueses e a credibilidade não só do Serviço Nacional de Saúde, como também do sistema.

É igualmente prioritário garantir a retenção de talento nacional, uma vez que a “fuga” de profissionais tem um impacto muito significativo no desenvolvimento do País. A necessidade de aumentarmos os níveis de atractividade do talento obriga a uma maior eficiência e, para tal, a simplificação fiscal é crítica.

2. E para a sua empresa em particular, quais os maiores desafios?

O ano de 2023 na Lusíadas Saúde representou, essencialmente, o início de um ambicioso plano estratégico de expansão que contempla a abertura de novas unidades hospitalares e o crescimento da capacidade das unidades já estabelecidas, bem como a priorização de áreas de especialidade críticas no actual contexto.

Perspectivamos, para este ano de 2024, um ano de crescimento, no qual iremos reforçar o nosso compromisso com a sociedade e com o futuro, continuando a criar todas as condições para que os portugueses possam ter uma vida mais saudável e um melhor e mais rápido acesso a cuidados de saúde de excelência.

Iremos continuar a aumentar o nosso footprint de norte a sul do País, a investir em áreas clínicas críticas, a inaugurar novos centros de diferenciação e de especialização e a obter uma posição de relevo nas áreas de Estomatologia e Medicina Dentária.

Prosseguiremos, entre outros objectivos, com a nossa aposta na captação e retenção de talento, quer através de novas contratações, quer pelo reforço do nosso programa de empregabilidade inclusiva em prol da plena integração de todos no mercado de trabalho, independentemente das suas características. Temos trilhado este caminho de forma pioneira e inovadora em Portugal, pelo que queremos continuar a fazê-lo e a ser uma referência no futuro da saúde.

3. Atendendo ao actual contexto, que expectativas a nível macroeconómico para Portugal?

Nos últimos meses, os portugueses têm-se mostrado menos optimistas em relação à situação económica que o País atravessa, fruto do impacto da actual taxa de inflação e dos actuais conflitos geopolíticos, aos quais se veio juntar uma conjuntura política inesperada e adversa, fragilizando ainda mais as suas expectativas para o próximo ano.

Perante o actual contexto, é importante que se restabeleça a confiança dos portugueses, pelo que caberá ao próximo executivo – e independentemente da sua cor política – recuperar este optimismo.

Ainda que 2024 seja um ano que irá exigir às empresas uma atenção redobrada para o impacto da expectável desaceleração económica no tecido empresarial, no emprego, nos rendimentos e na competitividade do nosso país, é importante não esquecer que temos todo o potencial para crescer e sermos diferenciadores. É, por isso, imperativo olhar para este período como uma oportunidade para escalar sectores-chave da nossa economia – como o sector da saúde – sobretudo num momento em que teremos a entrada de grandes pacotes de fundos europeus em Portugal.

Acelerar a execução do PRR, uma oportunidade de ouro para o País se modernizar, é tão imperativo quanto apostar no crescimento das empresas, das infra-estruturas, na introdução de inovação, entre outros factores. Portugal pode efectivamente ser um País mais competitivo e atractivo para quem cá vive e para quem quer investir nele, aproximando-nos assim de outras grandes economias, nomeadamente europeias.

Testemunho publicado na revista Executive Digest nº 214 de Janeiro de 2024

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