O que esperar de 2024?: Rui Lopes Ferreira, CEO do Super Bock Group

Testemunho de Rui Lopes Ferreira, CEO do Super Bock Group

Entramos em 2024 conscientes que será um ano marcado pela incerteza, à semelhança do que se verificou em 2023, o que, seguramente, continuará a impor muito foco às empresas e que sejam facilmente adaptáveis e flexíveis a decidirem, agirem e, sobretudo, a executarem, perante cenários de grande volatilidade. Mais um teste à nossa resiliência!

Os conflitos no leste europeu e no médio oriente, com os seus impactos sociais, e demais instabilidades que são bem conhecidas por todos, a par da trajectória das taxas de juro e da inflação, mas também os resultados das eleições nacionais, europeias e EUA vão determinar o curso das políticas económicas e sociais.

Embora o panorama de vulnerabilidade a que Portugal está exposto, os indicadores mais recentes, divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística, dão conta do crescimento da confiança dos consumidores e do clima económico em Dezembro. Temos assistido a um abrandamento da inflação, ainda que ligeiro, e a previsão de descida das taxas de juro no curto/médio prazo podem aliviar as contas das empresas e o orçamento das famílias, apresentando-se como sinais positivos.

Também o Turismo, que em 2023 teve o melhor resultado de sempre no país, perspectiva-se que continue nesta linha de crescimento, que em tanto tem contribuído para o PIB e para a criação de emprego ao longo dos anos.

O desejável seria que 2024 fosse um ano de alguma estabilização e até de crescimento para a economia portuguesa, o que encaro com moderado optimismo. Exigirá certamente muita resiliência, e planos B, C e até D para fazer face aos imponderáveis de um mundo em grande turbulência e imprevisibilidade. Sem prejuízo dos planos a médio prazo que devem orientar a estratégia empresarial e pública, será a capacidade de actuar rápido em função dos acontecimentos que será decisiva para fazer face aos desafios com que nos depararemos. Ter capacidade para travar e acelerar em simultâneo, usando de cautela e prudência, mas arriscando e investindo nos momentos certos.

O país precisa de atingir melhores níveis de produtividade e ser mais competitivo. As organizações têm de rodear-se das melhores pessoas, com as competências certas, para levar por diante a sua estratégia e missão, emprestando o seu conhecimento e talento em prol do desenvolvimento sustentável do negócio.

É imprescindível colocar em prática uma política de gestão e valorização do capital humano, que fomente o bem-estar e o desenvolvimento contínuo dos colaboradores, e neste contexto, apoie as organizações a manter o talento e a atrair novo. É o que fazemos no Super Bock Group. Cientes de que as pessoas são o motor e a alma da empresa, mas também das sociedades, apostamos, por um lado, em potenciar o talento no Grupo, e, por outro lado, investimos na educação para apoiar o desenvolvimento das comunidades onde nos inserimos.

Olhando para 2024 na perspectiva daqueles que são os desafios do sector no qual o Super Bock se insere (fast moving consumer goods), gostaria de mencionar em concreto uma situação que, creio, o país deve resolver com rapidez e eficácia: a necessidade de existir uma definição clara quanto à regulamentação e legislação em matéria de embalagens e de resíduos de embalagem.

Regulamentação que tarda no que ao Sistema de Depósito e Retorno diz respeito, mas também à Responsabilidade Alargada do Produtor, o que gera atrasos e mais incerteza. Há compromissos nacionais, que resultam de directivas comunitárias, e metas ambiciosas que o país tem de cumprir, e as empresas têm igualmente a sua responsabilidade neste processo pelos elevados investimentos que terão de ser feitos, e que já se iniciaram em alguns casos. A situação actual em nada beneficia nem as empresas, nem os consumidores, nem o país.

Testemunho publicado na revista Executive Digest nº 214 de Janeiro de 2024

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