Sustentabilidade: por que é tão importante para as empresas?
Nos últimos anos, muito mudou no plano dos negócios e na forma como as empresas se apresentam aos seus clientes. Há apenas uma década, não havia mais do que uma mão-cheia de empresas entre as 500 maiores do mundo, segundo a lista da revista Fortune, a expressar preocupações relacionadas com sustentabilidade e responsabilidade social.
Hoje em dia, a visão quanto a este tema mudou radicalmente. Um número muito elevado de empresas, grandes e pequenas, integram nas suas rotinas diárias estratégias de sustentabilidade e responsabilidade social. Além de uma preocupação individual de cada companhia, estas temáticas passaram a ser uma exigência dos consumidores, que cada vez mais querem que as empresas alterem as suas práticas, se tornem mais transparentes na sua comunicação e adotem uma abordagem proativa no sentido de mudar o mundo. Para melhor, naturalmente.
De acordo com dados da Nielsen, mais de metade dos consumidores online afirmam estar dispostos a pagar mais por produtos e serviços provenientes de empresas que se demonstrem social e ambientalmente responsáveis. Será este um sinal de que temas como a sustentabilidade e a responsabilidade social estão a alterar as exigências dos consumidores? Provavelmente. Há não muitos anos, estas temáticas poderiam ser olhadas por líderes do mundo dos negócios como uma questão meramente reputacional, rapidamente endereçada aos departamentos de marketing e comunicação ou a entidades filantrópicas. Não deixa de ser impressionante como esta visão estratégica se inverteu nos últimos anos, com a sustentabilidade e a responsabilidade social a ocuparem um lugar importante na estratégia das empresas e na resposta à exigência de transparência por parte dos consumidores.
Mas será que as empresas podem ser catalisadoras de uma mudança? Cada vez mais têm mesmo de ser, dada a visibilidade que têm, o papel que representam e, principalmente, aquilo que hoje a sociedade espera delas receber.
Não ignorar o óbvio
É claro que perante este novo perfil de consumidor, ignorar a sustentabilidade e a responsabilidade social pode ser um desastre corporativo. Cada vez mais as empresas percebem que este tema tem de ser incluído no business plan de cada ano, com iniciativas e projetos que possam efetivamente fazer a diferença. Além disso, não se trata apenas de mudar o mundo. Existe, de facto, uma relação da responsabilidade social das empresas com a reputação que estas têm junto dos consumidores. E, assim, pode traduzir-se não apenas num dever social, mas também numa vantagem competitiva.
As novas gerações, com as suas preocupações sociais e ambientais, têm vindo a alavancar um outro fenómeno interessante, que é o das empresas utilizarem a sustentabilidade e a responsabilidade social como ferramentas de recrutamento. De acordo com um estudo da Deloitte de 2012, 70% dos millennials incluem o compromisso de uma empresa para com a sociedade na sua lista de critérios para lá trabalhar. Uma percentagem impressionante se considerarmos que este estudo já tem oito anos.
Em suma, o que parece acontecer é uma cadeia de efeitos positivos que começa no consumidor e acaba no mundo dos negócios. As empresas preocupam-se com a sustentabilidade e com a responsabilidade social porque os consumidores lhes mostraram e continuam a mostrar que esse é o caminho.
O que as maiores empresas do mundo fazem em termos de responsabilidade social é, fundamentalmente, recuperar os segmentos mais pobres da população – em termos locais ou globais – de forma a equilibrar a balança e criar mais oportunidades para quem não as tem. Isto atrai e cria novos segmentos de clientes? Sem dúvida. E isso faz com que a aposta na sustentabilidade e na responsabilidade social seja uma relação win-win para todos, possibilitando às empresas ganhar dinheiro ao mesmo tempo que têm um impacto positivo no mundo que as rodeia.