Randstad Insight: Quanto vale o salário emocional?

Por Isabel Roseiro | Marketing & communications director da Randstad Portugal

Trabalho remoto, híbrido ou flexível é o que desejam a maioria dos profissionais. Mas afinal, quanto vale a flexibilidade? De que é feito o salário emocional? Fomos ouvir os profissionais, compreender o que esperam dos empregadores e conhecer as expectativas que têm para 2024.
O equilíbrio entre vida profissional e pessoal é, sem dúvida, um dos fatores que mais valorizam os profissionais portugueses, como já nos tinha revelado o estudo de employer branding da Randstad. O mais recente estudo de tendências vem reforçar esta ideia, indicando que para cada 7 em cada 10 profissionais é um dos benefícios mais valorizados, a par das oportunidades de crescimento profissional. Os aumentos salariais são o terceiro benefício mais desejado, segundo o mesmo estudo.
Há ainda outros benefícios intangíveis que fazem parte do salário emocional que são muito valorizados pelos profissionais, como o bom ambiente de trabalho e as políticas de equidade, diversidade e inclusão (ED&I). De notar que 90% dos profissionais considera que a existência de uma política de ED&I é importante na escolha de uma empresa. Aliás, segundo o Workmonitor da Randstad, 51% dos profissionais afirmam mesmo que não aceitariam um emprego se a empresa não tivesse uma estratégia para promover a diversidade e inclusão.
Mas, no contexto em que vivemos, cada vez mais complexo e onde à escassez de talento se vêm juntar os desafios económicos, tecnológicos e sociais, estarão as empresas alinhadas com os desejos dos profissionais? Fomos também ouvir a opinião dos empregadores, conhecer as expectativas e estratégias de recursos humanos que lhes vão permitir atrair e reter talentos no próximo ano.
No centro das preocupações das empresas está o agravamento da situação económica internacional e em Portugal mas, ainda assim, mais de 40% afirmam que a dimensão do número de colaboradores se manterá estável. Os grandes desafios que se antecipam, no campo dos Recursos Humanos (RH), são a retenção de colaboradores e a escassez de talento no mercado. Cerca de 60% das empresas afirmam ter uma notável falta de talento com impacto negativo sobre a competitividade, produtividade e capacidade de satisfazer as necessidades dos clientes. Como resposta à escassez de talento e à necessidade de reter os melhores profissionais, as estratégias mais utilizadas são as políticas de flexibilidade, sobretudo horários flexíveis e teletrabalho e a melhoria dos benefícios oferecidos.
A transformação digital está igualmente no centro das prioridades, onde a digitalização e inovação tecnológica é, para mais de 50% das empresas, a mudança mais significativa no contexto de RH, para 2024. Também para os profissionais, a tecnologia é vista como mais que um desafio, uma oportunidade, já que mais de metade dos profissionais acredita que a Inteligência Artificial irá impulsionar o seu crescimento profissional, segundo o estudo Workmonitor Pulse Survey.
Podemos afirmar que Work-life balance, flexibilidade e salário emocional vão continuar a fazer parte do vocabulário de 2024 quando se fala de RH. Mas afinal, quanto vale a flexibilidade? Segundo os profissionais, no estudo de tendências, valerá em média entre os 139€ (teletrabalho) e os 167€ (semana de 4 dias), por mês, com grandes variações dependendo da geração a que pertencem. Cabe agora às empresas adequar o salário emocional que oferecem aos seus profissionais, para conseguirem atrair e reter o melhor talento.

Artigo publicado na Revista Executive Digest n.º 212 de Novembro de 2023