Randstad Insight: Quando um líder vai de férias

Por Vítor Peliteiro | Strategic accounts director, Randstad Portugal

Peter Drucker dizia que “gerir é fazer as coisas bem e liderar é fazer as coisas certas”. Estando nós em pleno mês de férias, será que conseguimos liderar, inspirando as pessoas a fazer as coisas bem? Como podemos fazer as coisas certas se estamos na praia com a nossa família e amigos?

Segundo o World Economic Forum 2023, umas das dez competências mais importantes para o futuro do trabalho será a capacidade de liderança e influência social, ou seja, a forma como lideramos, inspiramos e influenciamos as pessoas de forma positiva.

Há várias formas de o fazer, mesmo nas férias e mesmo quando olhamos, por exemplo, para os nossos filhos. Ao olhar para eles questiono-me muitas vezes qual será o seu futuro. O que os moverá. De que forma se vão comprometer com as organizações, sabendo que o seu foco de atenção hoje em dia não demora mais do que 15 a 30 segundos de um TikTok.

Sabemos que uma das dimensões mais valorizadas nas gerações mais novas é a forma como as organizações se envolvem na melhoria do bem estar da humanidade e igualdade social, ao mesmo tempo que reduz os riscos ambientais e a escassez ecológica, ou, se preferirem, a green economy. O termo nasceu em 2008 nas Nações Unidas e o principal objectivo era motivar os governantes a investirem em programas e projectos ambientais. As empresas estão desde então, a reboque desse programa e conceito, a introduzir as mesmas práticas nas suas políticas internas de modo a conseguir transformar os seus processos em processos mais “verdes”. Quantos de nós já não ouvimos que as frotas automóveis das nossas empresas estão a caminhar no sentido de trocar a combustão pela electrificação?

A inteligência artificial (IA) também tem que entrar obrigatoriamente nas principais motivações das gerações mais novas. Os mais novos já não querem trabalhos repetitivos, já não querem um trabalho onde não adicionem valor, onde não sejam desafiados ou onde não possam ter uma aprendizagem contínua. A IA é a melhor forma das organizações, ficarem por um lado mais eficientes, e por outro valorizarem a proposta de valor que apresentam aos talentos. A tecnologia terá que ser a melhor aliada na execução de tarefas sem valor, deixando que as pessoas se dediquem a tarefas que possam ser diferenciadoras nas propostas de valor que pretendem entregar aos seus clientes.

Mas voltando às férias e à forma como podemos fazer as coisas certas. Podemos sempre planear as férias usando uma qualquer IA para traçar um trajecto mais sustentável ou usar meios de transportes menos poluentes. Podemos ainda escolher um hotel que promova práticas sustentáveis ou uma região que invista em projetos de conservação ambiental e em iniciativas sustentáveis, garantindo que o turismo não prejudique o meio ambiente e beneficie as comunidades locais.

Mas como uma das características que mais valorizo e que mais promovo na liderança é a transparência, tenho que assumir que ainda não fiz tudo isto. Os primeiros passos já foram dados, mas ainda não cheguei lá. Ainda tenho algum caminho a percorrer no sentido de “fazer as coisas certas”.

Artigo publicado na Revista Executive Digest n.º 209 de Agosto de 2023

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