Randstad Insight: O poder transformador do upskilling e reskilling

Por David Ferreira | Director de Staffing & Inhouse, Randstad Portugal

O mundo do trabalho mudou. E ainda bem! Vivemos na era da tecnologia e do imediatismo onde a rapidez e a capacidade de adaptação são cruciais. Neste mundo em rápida transformação, enquanto profissionais, sermos capazes de aceitar a mudança e de nos adaptarmos às exigências de uma nova realidade é essencial para nos mantermos relevantes no mercado de trabalho. Com a entrada cada vez maia acelerada da IA e dos processos de automação e de digitalização nas organizações, cabe não só às empresas como também a nós próprios, enquanto líderes e enquanto profissionais, garantirmos a nossa própria relevância no mercado de trabalho. E isso consegue-se através da aposta nas nossas competências e no nosso próprio desenvolvimento profissional, nomeadamente através dos processos de conversão e reconversão de competências. Estas práticas não apenas oferecem oportunidades de crescimento aos trabalhadores, mas também, fortalecem a economia global e a sociedade como um todo.
É inevitável falarmos do impacto que os processos de automação e de inteligência artificial terão no mercado de trabalho, já que estes estão a substituir cada vez mais os empregos tradicionais. Ainda assim, segundo os dados mais recentes do Workmonitor da Randstad, publicados este ano, mais de metade dos trabalhadores estão optimistas quanto ao impacto da IA no mercado, mas reconhecem que é preciso formação para que haja sucesso. E aqui a aposta nos processos de conversão e reconversão oferece uma oportunidade ímpar para os trabalhadores impactados por essas mudanças. Ao actualizarem suas competências pretéritas ou adquirirem novas, os trabalhadores podem ajustar-se de uma forma mais eficaz às necessidades emergentes do mercado e encontrar novas oportunidades de emprego.
Uma das principais vantagens destas práticas está ligado à progressão de carreira, um dos critérios mais valorizados pelos profissionais, segundo os dados do Randstad Employer Brand Research 2023. Aqueles que continuam a aprender, a desenvolver e a aprimorar as suas competências têm maior probabilidade de encontrar novas e melhores oportunidades de emprego e, ao mesmo tempo, de progredir dentro da própria organização. A progressão de carreira é um critério cada vez mais valorizado pela grande maioria dos profissionais portugueses, ainda assim, apenas 53% consideram que a sua entidade patronal lhes oferece as oportunidades de que necessitam para se desenvolverem, e aqui estão também considerados os programas de upskilling e reskilling, segundo os resultados deste mesmo estudo.
O investimento nestes programas tem efeitos a nível do desemprego, já que proporciona um aumento do leque de oportunidades profissionais para as quais se podem candidatar, tornando-se menos vulneráveis ao impacto que as mudanças tecnológicas podem trazer. Por outro lado, o upskilling e o reskilling incentivam a inovação e a criatividade. Ao adquirir novas competências, os trabalhadores podem melhorar as suas capacidades de solucionar problemas e de se adaptar a situações em constante mudança. E este é um factor com um inestimável numa economia cada vez mais global, mais complexa e impulsionada pela inovação.
Mas, ao mesmo tempo, as empresas também beneficiam destes programas se pensarmos na contribuição dos trabalhadores para um aumento de produtividade e eficiência nas organizações. O investimento em formação e desenvolvimento resulta em melhores produtos e serviços, impulsionando a competitividade global e estimulando o crescimento económico sustentável.
Outro benefício importante do upskilling e do reskilling é a confiança dos trabalhadores. Ao adquirirem novas competências, ganham autonomia e responsabilidade no seu trabalho. Isso não só aumenta a sua satisfação profissional, mas também permite assumir papéis de liderança e influência nas suas áreas de especialização.
Acredito no poder transformador do upskilling e o reskilling para o futuro do mundo do trabalho. Além de oferecer oportunidades de crescimento individual, contribuem para o desenvolvimento económico, inovação e confiança dos trabalhadores. À medida que o mundo continua a evoluir é crucial investir em programas de upskilling e reskilling para garantir que todos os trabalhadores possam prosperar e ter sucesso num futuro cada vez mais tecnológico.
O mundo do trabalho mudou e vai continuar a mudar. Que sejamos sempre capazes de nos adaptar ao contexto, pois só assim, seremos capazes de acrescentar valor e que nunca nos esqueçamos que apesar da tecnologia, são as relações humanas que fazem verdadeiramente a diferença.

Artigo publicado na Revista Executive Digest n.º 213 de Dezembro de 2023