Randstad Insight: Mudam-se os tempos, adaptam-se as skills

Por David Ferreira | Director operational talent & HR services da Randstad Portugal

O mercado de trabalho mudou e vai continuar a passar por momentos de profunda transformação. Analisar o mercado de trabalho pressupõe uma análise dos números do desemprego, para a população activa, para as qualificações… e por trás de tudo isto estão pessoas. Por isso, falar no mercado de trabalho, é falar de pessoas e do impacto que estes números têm na vida das pessoas, de como estas se adaptam e garantem a sua relevância nestes momentos de mudança e transformação.

Uma das últimas análises que lançámos na Randstad revelou um aumento significativo do número de pessoas empregadas, que atingiu um máximo histórico de cinco milhões.

Este crescimento é um indicador positivo, mas não podemos ignorar o aumento do desemprego, que subiu em 13,6 mil pessoas. Um paradoxo que sublinha a complexidade do mercado de trabalho actual e a necessidade de estratégias mais robustas para abordar a empregabilidade.

Entre os desafios, destaca-se o elevado número de profissionais com baixo nível de qualificação, que representam 34%, duplicando a média da União Europeia. Este é o exemplo de um dado alarmante que exige uma intervenção ágil. Em contrapartida, 32,9% dos profissionais têm uma habilitação no que diz respeito ao nível do ensino superior, com uma taxa de emprego de 79,7%, evidenciando a qualificação como determinante para a empregabilidade.

Neste contexto, os conceitos de upskilling e reskilling emergem como pilares fundamentais para promover a empregabilidade e a sustentabilidade do mercado de trabalho, contribuindo igualmente para fazer face às rápidas mudanças tecnológicas com forte impacto ao nível da empregabilidade, sobretudo dos perfis mais indiferenciados. Por isso, a implementação de tecnologia e inteligência artificial no local de trabalho é um factor que reforça mais uma vez a importância do upskilling e reskilling.

De acordo com o Randstad Employer Brand Research, 54% dos trabalhadores prevêem que a inteligência artificial terá um impacto significativo nas suas funções nos próximos anos. Desta forma, a aposta na formação contínua, que era já importante, torna-se uma necessidade para garantir a competitividade e a relevância no mercado de trabalho. E o que vimos hoje é que há ainda uma discrepância entre as expectativas dos colaboradores em termos de formação e a oferta disponibilizada. E este desalinhamento pode também impactar a retenção de talento dentro das organizações.

É imperativo que as empresas adoptem uma abordagem proactiva em relação à formação e ao desenvolvimento dos colaboradores. Investir em formação é apostar nas pessoas, no seu desenvolvimento e crescimento profissional e isso tem também um impacto directo na competitividade das empresas. A aposta nas acções de upskilling e reskilling enquanto estratégia, é não só uma forma de promover a empregabilidade mas também mais uma forma de contribuir para o sucesso das nossas pessoas. Reconhecer a importância destes temas é reconhecer a importância das nossas pessoas, porque elas sim, são o factor mais importante para o sucesso das nossas empresas.

Artigo publicado na Revista Executive Digest n.º 220 de Julho de 2024

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