Randstad Insight: Isto de ser data-driven

Por José Miguel Leonardo | CEO da Randstad Portugal

Data-driven, ou decisões baseadas em dados, é o tema que está na ordem do dia, com a big data a ser cada vez mais referida como o novo petróleo do século XXI.
Com as recentes revoluções na tecnologia e a inteligência artificial cada vez mais perto de nós, graças ao Open AI, a verdade é que as lideranças não podem ignorar esta transformação. Assistimos por um lado a uma democracia cada vez maior no acesso à tecnologia, mas isto traz também a preocupação emergente com a literacia digital e a cibersegurança.
Mas foquemo-nos nisto de ser data-driven. A nível pessoal todos o fazemos de alguma forma. Se a meteorologia nos dá 70% chance de chuva, certamente iremos levar um guarda-chuva connosco. E no caso das organizações? É certo que tomamos decisões apoiadas em factos, cada vez mais medimos o que fazemos, e os KPIs e o ROI fazem parte do dia-a-dia das empresas. Se a Harvard Business School e a Mckinsey nos dizem que as empresas data-driven têm melhores resultados face à concorrência em 20% e uma melhor performance financeira, porque não temos mais organizações a implementar esta estratégia?
A verdade é que ainda temos um longo caminho a percorrer. Longe vão os dias em que as lideranças acreditavam no sexto sentido ou nas suposições face ao mercado, que podiam garantir uma vantagem competitiva. Hoje falamos de números e percentagens por uma razão: Os dados nada mais fazem do que traduzir a realidade do mercado de trabalho, da sociedade e dos profissionais.
O relatório global sobre as competências mais procuradas de 2022, da Randstad Sourceright, prevê que o top 3 de competências incluem inteligência artificial e machine learning, cloud computing e ainda big data, o que já nos ajuda a prever como as organizações estão preocupadas em dar um passo em direção a um futuro baseado em dados. Uma estratégia data-driven requer trabalho de preparação e análise de dados, e ainda o poder do storytelling para olhar para um gráfico e descobrir a história que nos conta. Não bastam apenas dados, mas também o poder de análise e previsão, para uma melhor tomada de decisão.
Acredito que 2023 ainda nos vai surpreender no que toca à preocupação com dados e as lideranças que levarem este tema a sério, certamente estarão a dar um passo para o sucesso das suas organizações e equipas. Ferramentas como o Chat Gpt abrem a porta a novas formas de trabalhar mas também de nos mostrar-nos ao mundo, como profissionais, no entanto, acarretam outras consequências. Ora, se o Chat Gpt consegue redigir um trabalho em minutos ou preparar um briefing para uma reunião, é cada vez mais imperativo deixar o nosso propósito brilhar e mostrar o que nos destaca. Como é que deixamos o nosso marco, aquilo que nos diferencia, perante uma ferramenta “sabe-tudo”?
As organizações estão preocupadas em ser data-driven, e com razão, mas devem também ser human-centric, destacando experiências, histórias e backgrounds das suas equipas, que tornam o percurso e visão da empresa única e, acima de tudo, humana…

Artigo publicado na Revista Executive Digest n.º 204 de Março de 2023




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