Randstad Insight: As contas da progressão de carreira

Por Nuno Troni | Director da Randstad Portugal

61%. Este é o peso que é dado ao critério da progressão de carreira na escolha de um empregador, segundo os resultados do mais recente Randstad Employer Brand Research. O 3.º factor mais importante numa decisão de emprego (se excluímos o salário e benefícios), ocupando o 9.º lugar na avaliação do empregador actual.

Se formos mais ao detalhe e analisarmos a forma como as novas gerações estão a encarar este critério, isto diz-nos muito sobre o mercado de trabalho e a forma como hoje as empresas têm de estar cada vez mais atentas a estes indicadores. A verdade é que vimos que são já as gerações mais jovens aquelas que estão a dar maior importância a este critério numa decisão de emprego, ocupando o 4.º lugar com 60% dos millennials e 62% dos profissionais da geração Z a indicarem a progressão de carreira como factor decisivo.

Mais ainda, 79% dos trabalhadores portugueses acreditam que a progressão na carreira depende do desenvolvimento de novas competências, sendo que este é um dos cinco principais factores de motivação nos últimos anos, enquanto 68% referem que desejam mais oportunidades de aprendizagem e desenvolvimento dentro das empresas. Além disso, 54% dos entrevistados prevêem que a IA terá um impacto significativo nas suas funções nos próximos anos.

O estudo revela ainda que um quinto dos trabalhadores considera que não lhes são dadas oportunidades de desenvolvimento suficientes. Num mercado de trabalho em crise, estes trabalhadores têm maior tendência para abandonar o empregador (43%) do que aqueles que têm oportunidades suficientes (15%). É relevante perceber a importância da requalificação, que, para uma grande maioria dos trabalhadores portugueses (83%), é um ponto central para a sua actividade.

Deparamo-nos agora com novas realidades e os conceitos de reskilling e upskilling, que já não são novos, integram as estratégias de atracção e retenção de talento, reforçando a importância da actualização de conhecimentos e aquisição de novas competências. O que por si só contribui para um cenário empresarial mais competitivo e preparado para os desafios futuros.

As contas são simples. Basta olhar para os números, para o que eles nos dizem e reconhecer o que o mercado nos pede. A progressão na carreira exige esforço e é responsabilidade tanto dos profissionais como das empresas. É preciso que as pessoas exijam às empresas as ferramentas que lhes permitam crescer e evoluir, mas é necessário também que as organizações reconheçam o talento e que lhes permitam fazer este caminho. E no final das contas, é a aposta no desenvolvimento profissional das nossas pessoas que permite enfrentar os desafios e promover a competitividade das nossas empresas.

Artigo publicado na Revista Executive Digest n.º 219 de Junho de 2024

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