Randstad Insight: A voz por trás dos números

Por Raul Neto | CEO da Randstad Portugal

Há muito que falamos de flexibilidade, e da importância crescente que os profissionais atribuem a este critério. Constatamos com regularidade esta realidade através de estudos, dados e análises, que nos demonstram a vontade de ter um equilíbrio entre a vida e o trabalho, e até mais do que isso, conseguir integrar de forma natural as duas componentes fundamentais que temos na vida, a pessoal e a profissional.
A flexibilidade é apenas uma palavra, mas que é aplicada em várias dimensões. Falamos de flexibilidade horária, de local de trabalho, de dias de trabalho e até de projetos. É na verdade a tradução da forma como os profissionais encaram o trabalho atualmente, e as empresas devem estar cada vez mais atentas a esta transformação.
As estratégias de employer branding devem cada vez mais ouvir os profissionais e perceber como adaptar as tendências, como é o caso da flexibilidade. E apesar de dizer tendência, a verdade é que a procura por estes critérios têm sido uma constante.
Basta olharmos para o Randstad Employer Brand Research nos últimos 3 anos. Se considerarmos o salário e os benefícios como factores higiénicos, e nos concentrarmos nos demais critérios, a realidade é que a conciliação entre vida pessoal e profissional tem estado no topo nestes últimos anos, e que os 5 critérios considerados pelos profissionais como sendo os mais atrativos num potencial empregador não mudaram assim tanto. Não querendo fazer futurologia, mas acreditando que este ano os critérios não mudam substancialmente (e para esta confirmação, convido todos a consultarem o estudo deste ano, que estará disponível a partir de 19 de maio).
Falamos então de conciliação entre a parte pessoal e profissional, do ambiente de trabalho agradável, da progressão de carreira e da estabilidade profissional. Cinco critérios que refletem a necessidade de traçar a linha entre a vida profissional e pessoal e a necessidade de segurança perante o cenário de incerteza em que vivemos.
As expectativas do profissional face ao trabalho mudaram, ainda mais perante um enquadramento macroeconómico marcado por uma inflação que continua bastante acima da que se verificou durante muitos anos, e também por isso vemos agora uma maior necessidade de estabilidade, e também de uma valorização dos benefícios que procuram, de forma a dar resposta ao aumento do custo de vida, facto que se constata no Workmonitor da Randstad publicado no início deste ano, e em que 52% dos profissionais espera um aumento salarial que ajude a mitigar o impacto do aumento do custo de vida.
Sabendo as empresas destes critérios, que são já bem conhecidos, é responsabilidade das suas lideranças garantir uma estratégia de employer branding que corresponda da melhor forma aos mesmos. Não se trata apenas de olhar para os dados dos estudos, mas também ouvir o que os profissionais procuram, e adaptar essa estratégia com programas e benefícios estruturados.
No final do dia, o encontro entre as expectativas dos profissionais e a missão da empresa resultam numa espécie de mantra para as organizações: maior felicidade, maior produtividade e, como tal, mais sucesso.

Artigo publicado na Revista Executive Digest n.º 206 de Maio de 2023