Randstad Insight: 10 principais conjuntos de competências necessárias

Os mercados actuais estão mais confusos e competitivos do que nunca. É por isso que os empregadores exploram agora novas formas de atrair e reter talento de topo; as suas estratégias tradicionais de contratação e despedimento já não apoiam adequadamente as necessidades da força de trabalho e não o farão no futuro. As grandes lacunas nas competências são um desafio considerável há algum tempo, mas a limitação dos conjuntos de competências e o abrandamento das contratações tornam a contratação mais complexa. E sem as pessoas de que precisam para atingirem objectivos estratégicos, as organizações podem ficar para trás nesta economia em rápida mudança.
É por isso que estão a implementar estratégias, de medidas de trabalho híbridas e flexíveis a mobilidade interna, reskilling e upskilling, coaching, mudanças nas compensações e benefícios, um employer branding mais autêntico, entre outras, para ganharem vantagem.
Para o ajudar a compreender melhor estas complexidades no mercado e formas de ganhar vantagem competitiva, o Relatório Global de Competências Necessárias 2022 da Randstad Sourceright identifica os 10 principais conjuntos de competências desejadas nos 26 mercados em que irá competir no próximo ano.
A procura por engenheiros de cloud, cientistas de dados e programadores de aplicações não pára, enquanto a economia acelera na sua transformação digital. Há uma enorme necessidade de profissionais na gestão financeira, vendas e serviço ao cliente. São estes os cargos que estimulam o desenvolvimento em quase todos os sectores, dos cuidados de saúde à produção, passando inclusive pela agricultura.
A maioria dos líderes da aquisição de talento compreendem que muitos dos conjuntos de competências analisados estão entre os mais difíceis de contratar actualmente. Mesmo com uma possível crise económica ao virar da esquina, muitas empresas continuam a precisar de programadores, de especialistas em cibersegurança e de agentes do serviço ao cliente. Nos últimos 18 meses desde o início da recuperação da crise pandémica, a inflação nos salários, o aumento das vagas disponíveis e a dificuldade em contratar afligem os empregadores.
À medida que enfrenta uma maior incerteza nos próximos meses, terá a difícil tarefa de assegurar que o seu negócio tem as pessoas certas, mesmo com orçamentos mais limitados. Os nossos dados oferecem perspectivas pragmáticas que o ajudarão a procurar, contratar, desenvolver e reter as pessoas certas quando precisa delas, e dentro do seu orçamento.
As lacunas e a escassez de competências serão sempre um desafio para a maioria das organizações, mas com as perspectivas certas e uma boa estratégia de talento, pode criar uma força de trabalho resiliente e adaptável para qualquer contingência que surja no próximo ano.

10 principais conjuntos de competências necessárias:

1. INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL E APRENDIZAGEM AUTOMÁTICA (IA/AA)

1. A IA/AA continua a ser uma das famílias de empregos na alta tecnologia mais popular e em crescimento tanto na oferta como na procura devido à adaptação generalizada de soluções tecnológicas em inúmeras organizações e outras estruturas acessíveis.
2. As competências de IA/ AA são desenvolvidas e usadas em conjunto com outras competências de topo realçadas neste relatório e são frequentemente uma parte essencial de outras famílias de competências.
3. Onde o talento qualificado é procurado pode ter um impacto significativo no tempo a preencher a vaga, no custo e na experiência específica do sector.
4. Python é uma das competências que mais se junta à IA/ AA. Isto por a linguagem ser vista como acessível e uma das competências ubíquas entre as últimas tendências no mercado de emprego.

2. CLOUD COMPUTING

1. A procura de competências em cloud computing cresceu de forma explosiva durante a pandemia, o tamanho global do mercado deve crescer 100% nos próximos cinco anos. Com a digitalização a acelerar em muitas empresas, a mudança para tecnologias e modelos de negócio na cloud levou muitas empresas a dar prioridade à aquisição dessas competências em detrimento de outras competências técnicas.

2. O conjunto de competências de cloud computing é o conjunto maior e mais comum que está interligado com outras competências técnicas analisadas nesta pesquisa. Tecnologias centrais como o Amazon Web Services, (AWS), o Azure ou a Google Cloud Platform (GCP) são apenas um fragmento das ferramentas de cloud.

3. BIG DATA

1. O big data tem crescido nos últimos anos, e é constantemente uma das áreas profissionais mais promissoras para o talento jovem. Com utilização em todas as organizações, assim como aplicação em todas as tecnologias, a proliferação do big data continuará durante algum tempo.
2. A aplicação da analítica na IA, aprendizagem automática, marketing e automação é incalculável e será fundamental para melhorias empresariais contínuas.
3. Os empregadores querem cada vez mais que a sua força de trabalho consiga usar dados e perspectivas para estimular o desempenho e iniciativas baseadas em provas.

4. INTELIGÊNCIA DE NEGÓCIOS E VISUALIZAÇÃO DE DADOS (IN/VD)

1. A IN/VD é uma função vital que liga os dados e os negócios para assegurar que a organização está bem preparada com perspectivas baseadas em dados. Tal como outros conjuntos de competências na nossa pesquisa, a IN/VD tem muitos pontos de interacção com outras categorias e com o big data em geral.
2. Compreender e processar dados e saber como usar ferramentas de visualização como o Tableau ou o PowerBI são algumas das competências essenciais de que este grupo necessita.
3. As competências de IN/VD são cada vez mais essenciais à medida que ajudam os gestores a compreender o negócio e a aproveitar tendências rapidamente e com clareza, ajudando-os a evitar atrasos na execução estratégica. Como resultado, a comunicação é também uma soft skill desejada para os profissionais de IN/VD.

5. INTERFACE DO UTILIZADOR E EXPERIÊNCIA DO UTILIZADOR (IU/EU)

1. As competências de IU/EU têm uma vasta aplicabilidade nos papéis de desenvolvimento de aplicações para web, computadores e móvel, assim como para as funções de marketing e serviço ao cliente. A digitalização e um enfoque na centralidade do utilizador aumentaram a procura de profissionais de IU/EU.
2. As competências no conjunto IU/EU consistem maioritariamente em capacidades técnicas de front-end, assim como perspectivas sobre as preferências dos utilizadores.

6. DESENVOLVIMENTO DE APLICAÇÕES MÓVEIS

1. O desenvolvimento de aplicações móveis é um grupo de talento relativamente generalizado, tendo em conta a vasta quantidade de tecnologia aplicável que existe hoje. O desenvolvimento do móvel está interligado com outras capacidades de TI, já que Java, Python, JavaScript e até aplicações de visualização fazem parte das estruturas de desenvolvimento móvel.
2. Tendo em conta o rápido crescimento da utilização de aplicações, as tecnologias em desenvolvimento contínuo (tais como o 5G, a realidade aumentada, a realidade virtual, a internet das coisas e o blockchain), e o aumento das expectativas de uma funcionalidade de aplicações mais adequada, este conjunto de competências exige formação e desenvolvimento contínuos para se manter actualizado no ágil mundo das aplicações móveis.
3. Um segmento notável dentro do desenvolvimento de aplicações móveis é o dos jogos, onde existe uma necessidade partilhada de especialistas que compreendem plataformas como a Unreal Engine, uma plataforma de desenvolvimento de jogos para PC.

7. CIBERSEGURANÇA

1. O talento de cibersegurança tem sido sempre uma importante função ao nível das empresas, e é cada vez mais importante. Os especialistas em cibersegurança trabalham em diversos papéis, de analistas de incidentes a segurança de redes, arquitectura de sistemas e muitos outros.
2. A cibersegurança é uma das categorias mais especializadas e bem pagas entre todos os conjuntos de competências analisados nesta pesquisa.
3. Com novas tecnologias a desenvolverem-se rapidamente, os trabalhadores da cibersegurança enfrentam novos desafios e precisam de upskilling constante. A proliferação de cloud, IA e ciência de dados cria oportunidades de especialização e de desenvolvimento de um percurso profissional único. Um dos exemplos mais interessantes é a cibersegurança automóvel, cujo crescimento é estimulado por um aumento significativo na sofisticação dos sistemas.

8. SERVIÇO AO CLIENTE

1. Com o crescimento dinâmico dos serviços e uma ênfase na centralidade do cliente, muitas empresas estão concentradas na oferta de uma melhor experiência. A pandemia e a ascensão do comércio electrónico aceleraram ainda mais a tendência. 2. Os dados sobre este conjunto de competências em particular são abrangentes e identificam todos os empregos que mencionam a exigência desta competência em particular.
3. Nos últimos anos, tendências como a Grande Demissão tiveram um grande efeito no fornecimento de talento do serviço ao cliente e na competitividade do mercado, com o talento desta área a procurar outras oportunidades. Os empregadores terão de considerar formas de permanecer competitivos de modo a procurarem e reterem excelentes profissionais do serviço ao cliente.

9. VENDAS E DESENVOLVIMENTO DE NEGÓCIO (DN)

1. Uma parte significativa do talento com competências de vendas também possui conjuntos de competências de serviço ao cliente.
2. Os cargos de vendas e DN exigem frequentemente uma panóplia de vários conjuntos de competências, incluindo conhecimentos de finanças, matemática e comunicação, assim como uma excelente interacção com o cliente, conhecimentos sobre o sector e capacidades técnicas.
3. Tal como acontece noutros conjuntos de competências que não são de TI mas são altamente procurados, as vendas e DN incluem uma mistura de diversas capacidades técnicas secundárias que se centram na análise de dados.

10. GESTÃO FINANCEIRA/ ORÇAMENTO E CONTABILIDADE

1. A automatização e o software com base em IA tornaram os cargos de gestão financeira mais desafiantes, à medida que são necessárias novas competências para se estar actualizado em relação às necessidades do negócio.
2. A capacidade de trabalhar remotamente em cargos de gestão financeira está a aumentar e permite aos colaboradores horários mais flexíveis. Ao mesmo tempo, isto também significa mais potencial para as empresas contratarem talento de todo o mundo para mais vagas desta área.
3. Ao nível das empresas, a fluência em finanças globais e inovação estão a tornar-se muito mais importantes devido à contínua transformação digital.

OUTRAS CONCLUSÕES

1. Apesar do abrandamento económico, o número de vagas nos trabalhadores do serviço ao cliente está a aumentar. Os empregadores podem ter de aumentar a experiência do talento para assegurarem acesso a estes colaboradores fundamentais, ou arriscam-se a danificar as suas relações com os clientes e a reputação geral da marca.
2. Há mais especialistas em interface do utilizador e experiência do utilizador norte-americanos a trabalhar no sector de serviços de TI do que qualquer outros. Os negócios fora deste sector devem diferenciar a sua proposta de valor ao colaborador para atrair estes especialistas.
3. O trabalho remoto tornou-se uma questão problemática para as organizações, mas forçar os colaboradores a voltar pode ser prejudicial. Os empregadores da região Ásia-Pacífico estão menos inclinados a permitir que os colaboradores trabalhem fora do escritório, independentemente do cargo. Noutros locais – Argentina, por exemplo – o trabalho remoto é habitual.
4. A representação das mulheres nos conjuntos de competências de tecnologia continua a ser baixo, com apenas 15% das pessoas que trabalham nas aplicações móveis a identificarem-se como mulheres. Ajudar as mulheres a seguirem esta área ou entrarem nela deve ser uma prioridade para os empregadores.
5. Apesar das notícias mais recentes, o sector de TI emprega a maioria dos profissionais com competências digitais altamente procuradas. Os empregadores do sector tecnológico devem continuar a ser vistos como uma forte concorrência por estas competências, e os empregadores devem pensar na melhor forma de reter este talento altamente procurado.
6. Houve um aumento significativo nos anúncios de emprego que mencionam a comunicação e o trabalho de equipa como soft skills exigidas desde 2018. Os anúncios de emprego que procuram indivíduos com competências de pensamento crítico, planeamento, investigação e criatividade também aumentaram após a pandemia.
7. Mais de 60 milhões de pessoas trabalham em cargos de vendas e desenvolvimento de negócio – o maior grupo de todos os conjuntos que examinámos. Considere procurar neste grupo se quer preencher vagas em empregos de contacto com o cliente, como gestão de contas ou apoio ao cliente.
8. As competências de cibersegurança estão entre as mais bem pagas dos conjuntos de competências que examinámos, embora alguns cargos na inteligência artificial e aprendizagem automática (IA/AA) possam ultrapassar a média deste conjunto. Reveja activamente os níveis de compensação para evitar perder estes profissionais.
9. Como os cargos de IA/AA têm a percentagem mais alta de potencial para trabalho remoto, os empregadores precisam de ter noção das expectativas e oferecer sistemas de trabalho híbridos, no mínimo. Isto facilitará a procura e contratação em mercados como os EUA, onde adquirir talento com estas competências é um desafio.
10. Apenas cerca de um quarto dos profissionais de inteligência de negócios e visualização de dados receberam formação STEM, com muitos a terem, em vez disso, formação em artes gráficas. Os empregadores que querem contratar estes especialistas devem pensar em procurar pessoas com percursos profissionais ligados ao design.
11. No que toca aos cargos no serviço ao cliente, os empregadores podem considerar abrir centros de serviço na Índia, onde os salários ficam, em média, 10% abaixo dos salários da Suíça, o mercado mais alto.
12. A taxa de vagas por preencher nos programadores de aplicações móveis é mais alta na Alemanha – quase três vezes a média dos 26 mercados que inquirimos. As empresas da quarta maior economia do mundo devem considerar procurar este conjunto fora das suas fronteiras, ou demorarão mais tempo a preencher as vagas.

Artigo publicado na Revista Executive Digest n.º 201 de Dezembro de 2022

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