Tendências de Mídia e Conteúdo para 2030

Opinião de Luis Rasquilha, CEO da Inova TrendsInnovation Ecosystem (Research, Consulting, Business School, CT). Professor da Fundação Dom Cabral (FDC), Hospital Albert Einstein e ESALQ/USP (Universidade de São Paulo). Conselheiro Consultivo da Mercur do Brasil.

Este artigo é um resumo/base de um estudo escrito em co-autoria com a Eliane El Badouy da Inova, sobre as tendências de Mídia e Conteúdo. No mundo instantâneo e altamente conectado de hoje, temos acesso a uma enorme quantidade de informações e inúmeras possibilidades de entretenimento ao nosso alcance.
Porém, historicamente, nem sempre foi assim. Aliás, de acordo com um levantamento feito por Jeff Desjardins, para o site Visual Capitalist, nem precisamos ir tão longe. Se viajarmos no tempo, apenas 20 anos atrás até 2002, é possível notar que a grande maioria das pessoas ainda esperava pelo jornal diário ou pelo noticiário da noite para ajudar a preencher o vazio de informações.
Na verdade, durante a maior parte de 2002, o Google ficou atrás do Yahoo! e MSN. Enquanto isso, as primeiras encarnações de mídia social (MySpace, Friendster, etc.) estavam apenas começando a ficar online, e todo o Facebook, YouTube, Twitter e iPhone ainda não existiam.
A evolução da mídia considera, além da tecnologia, a dimensão histórica da comunicação de informações, conhecimentos, diferentes formas de entretenimento e valores para um público bastante amplo e diverso.As inúmeras abordagens da sua evolução compartilham um interesse em entender o impacto que tais estruturas tiveram nas sociedades ao redor do mundo, as formas particulares que elas assumiram e a dinâmica da mudança histórica. Cada uma dessas áreas é objeto de um corpo significativo de trabalho teórico e empírico, com muitas interseções e sobreposições, tomando exemplos dos vários meios de comunicação, seus contextos e desenvolvimento ao longo do tempo, bem como de perspectivas futuras.
Cada era cultural é marcada por mudanças tecnológicas e de zeitgeist. A indústria da mídia e de conteúdo sempre se baseou em conceitos – propriedade intelectual, impacto cultural, talento – que, quando combinados e executados adequadamente, criam produtos altamente valorizados pelos mais diversos públicos e, consequentemente, atraem anunciantes. Entretanto a entrada da tecnologia nesta equação trouxe, além de grandes desafios, uma possibilidade ainda maior de agregação de valor nas entregas feitas.
A mídia cumpre vários papéis básicos em nossa sociedade fornecendo informação e educação. A informação pode vir de várias formas, e às vezes pode ser difícil separá-la do entretenimento. Diferentes fontes disponibilizam como notícias histórias de todo o mundo, permitindo que qualquer pessoa, de qualquer parte do globo com conexão à Internet tenha acesso às vozes e conteúdos de locais que estão a milhares de quilômetros de distância independentemente do idioma em que seja produzido.
Um papel óbvio da mídia é o entretenimento que pode atuar como um trampolim para nossa imaginação, uma fonte de fantasia e uma saída para o escapismo. Ao nos trazer histórias de todos os tipos, a mídia tem o poder de nos afastar de nós mesmos.
Outro aspecto útil da mídia é sua capacidade de atuar como um fórum público para a discussão de questões importantes. A Internet é um meio fundamentalmente democrático que permite a todos a capacidade de expressar suas opiniões por meio de, por exemplo, mídias sociais ou podcasts, além de poder ser usada para monitorar governos, empresas e outras instituições.
Mudanças econômicas e comportamentais estão acelerando a transformação em todo o ecossistema dessa indústria e, à medida em que vai se tornando mais complexo e interconectado, torna-se mais desafiador mostrar como atribuir valor na era pós-digital e para quem traz resultados.
Em uma tentativa de simplificar a complexa teia de relacionamentos na mídia para esta década, apresento ao longo desse documento os principais papéis e dinâmicas envolvidos na criação, distribuição e monetização de conteúdo, usando essa estrutura para examinar tendências, oportunidades e riscos relativos para cada parte desse ecossistema.
Entretanto, antes de trazer as tendências que impactarão as mídias, profissionais de mídia, os conteúdos, consumidores e anunciantes acredito ser importante contextualizar como chegamos até aqui e o que isso significa para esta década.

Principais Tendências:

1.Vídeo

Seja na televisão, nas plataformas de streaming, nas redes sociais ou no cinema, o formato de vídeo continuará a ser extremamente importante para as estratégias de comunicação das marcas.

2.Novas ferramentas de busca

Desde que surgiu, em 1998, nenhum concorrente foi capaz de ameaçar o domínio do Google no mercado de buscas na internet. Mas, agora, o jogo mudou. E o desafiante não é nada ortodoxo. A grande ameaça ao Google são as redes sociais. Duas, em especial: TikTok e Instagram. Essas duas redes são responsáveis pela queda no volume de buscas no Google em alguns temas.

3.Fim dos Cookies

A realidade do marketing digital sem os cookies de terceiros vai demorar um pouco mais para chegar. Inicialmente previsto para 2022 e depois adiado para 2023, o fim do suporte aos cookies de terceiros pelo Google ficará só para 2024. O Safari, da Apple, e outros navegadores já eliminaram os cookies de terceiros em nome da privacidade.

4.Midia Sintética

A mídia sintética consiste em conteúdo digital gerado por algoritmos, incluindo áudio, vídeo, deepfakes, personagens e ambientes virtuais e muito mais. A tecnologia se tornará um aspecto integral das futuras experiências de XR em ambientes como metaverso.

5.Ambientes digitais tipo Metaverso

Temos e estamos vivendo uma conjunção de fatores que nos conduzem a ambientes normalmente chamados de metaverso. As mídias sociais foram o nosso aquecimento, nosso treinamento para esse momento, porque esse é o lugar onde todos querem se mostrar mais bonitos, mais ricos, mais felizes, independente da realidade que estejamos vivendo no nosso dia a dia.

No plano físico -> Be all you can be

No digital -> Be all you want to be

6.Realidade Aumentada (RA) x Realidade Virtual (RV)

Embora ambos possam ser experimentados por meio de óculos inteligentes ou monitores montados na cabeça, a realidade aumentada (AR) e a realidade virtual (VR) são fundamentalmente diferentes e devem ser tratadas como tal. A RA faz alterações ou adições digitais ao seu ambiente existente, mas geralmente você permanece orientado ao seu ambiente físico. VR mergulha você totalmente.

7.Realidade Mista (RM) X Realidade Estendida (XR)

A realidade mista (MR) ancora elementos virtuais a elementos físicos correspondentes em seu ambiente – você ainda pode interagir fisicamente com objetos e superfícies, mas a sua aparência e a reatividade podem ser virtualmente alteradas ou aumentadas. As experiências de MR não ocorrem totalmente no mundo físico nem no virtual, mas em um híbrido dos dois. Realidade estendida (XR) é mais um termo guarda-chuva que abrange o continuum realidade-virtualidade, incluindo AR, MR e VR. XR se sobrepõe com várias definições do metaverso.

8.Vídeo Volumétrico

Uma tecnologia fundamental para desenvolver experiências e ambientes XR em ambientes como metaverso que emulam espaços reais, o vídeo volumétrico é a captura de um espaço, figura ou evento em 3D. O vídeo resultante pode ser visualizado em uma tela ou dispositivo XR.

9.Áudio Espacial

Assim como o vídeo volumétrico dá perspectiva e profundidade ao conteúdo visual, o áudio espacial é transmitido de tal forma que o ouvinte interpreta os sons como ocupando vários espaços em seu ambiente.

10.Spatial Displays

Os spatial displays oferecem a magia da realidade virtual sem precisar usar uma tela montada na cabeça. Em vez disso, uma tela plana projeta objetos no que parece ser um diorama tridimensional hiper-realista.

11.Hologramas

Hologramas são gravações de campo de luz que, quando reproduzidas, podem aparecer como visuais tridimensionais estáticos ou dinâmicos. O termo também é mais geralmente aplicado a qualquer imagem renderizada para aparecer em 3D. A reprodução digital precisa de rostos, corpos e outras estruturas complexas em forma 3D dinâmica é fundamental para a evolução de AR e VR no metaverso, e hologramas, combinados de várias formas com tecnologia deepfake e mídia sintética, podem em breve habitar nossos ambientes cotidianos.

12.Mídia de Dados

Estima-se que até 2025, o mundo verá um aumento de 1.600% da quantidade de dados capturados, criados e replicados globalmente.

  • A má notícia: a maré crescente de informações está crescendo mais rápido do que nossa capacidade de a aproveitar.
  • A boa notícia: esse universo crescente de dados promete mais insights, se utilizado adequadamente.

Felizmente, a narrativa de dados é um campo emergente que prospera com a abundância de informações.

Todas essas tendências nos apontam para uma série de possibilidades que requerem não apenas diferentes tipos de pensamentos e olhares para esse conjunto totalmente inusitado de ferramentas de mídia e conteúdo, mas também nos impõem importantes desafios que continuarão a nos provocar como profissionais:

  • Como manter a atenção sustentada do consumidor?
  • Como não perder de vista o retorno financeiro das ações feitas, empolgados pela tecnologia?
  • Como manter os relacionamentos mais humano com nossos clientes?
  • Como manter a ética e não nos desviar do propósito da marca?

Bom, talvez isso seja material para um outro artigo.