
Europa dividida sobre envio de tropas para a Ucrânia em resposta às negociações de Trump com a Rússia
A possibilidade de enviar tropas para a Ucrânia está a gerar divisões entre os países europeus, que se reuniram esta segunda-feira em Paris para um encontro de emergência. A reunião, convocada pelo presidente francês Emmanuel Macron, teve como objetivo definir uma posição comum sobre as negociações de paz entre os Estados Unidos e a Rússia, anunciadas pelo presidente norte-americano Donald Trump e com início previsto para terça-feira na Arábia Saudita.
Enquanto o Reino Unido se mostrou disponível para colocar tropas no terreno, Espanha e Polónia manifestaram relutância, evidenciando as dificuldades da Europa em chegar a um consenso sobre o apoio militar a Kiev.
Reino Unido aberto ao envio de tropas, mas outros países hesitam
A proposta de França para criar uma “força de garantia”, que ficaria posicionada atrás de uma eventual linha de cessar-fogo na Ucrânia, está a ser analisada pelos países participantes na reunião. No entanto, as reações a esta iniciativa foram mistas.
O primeiro-ministro britânico, Sir Keir Starmer, afirmou que o Reino Unido está “pronto e disposto […] a colocar tropas no terreno, se necessário”. Londres tem sido um dos principais aliados de Kiev desde o início da invasão russa em 2022, fornecendo apoio militar significativo e impulsionando a resposta ocidental à guerra.
Em contrapartida, outros países europeus demonstraram maior prudência. O ministro dos Negócios Estrangeiros de Espanha, José Manuel Albares, rejeitou a ideia de enviar tropas neste momento, sublinhando que “ninguém está a considerar essa possibilidade”. Albares responsabilizou diretamente o presidente russo pelo prolongamento do conflito: “A paz ainda está muito longe, e por uma única razão: Vladimir Putin.”
O primeiro-ministro polaco, Donald Tusk, também descartou o envio de forças para a Ucrânia. No entanto, assegurou que Varsóvia continuará a prestar apoio humanitário, logístico e militar, tal como tem feito nos últimos três anos.
Europa discute reforço da defesa e financiamento conjunto
Além do envio de tropas, os líderes reunidos em Paris discutiram formas de reforçar as capacidades militares europeias, incluindo um possível aumento do investimento na defesa através de financiamento conjunto, destaca o Financial Times.
A reunião contou com a presença de representantes de seis países da União Europeia, do Reino Unido, da NATO, da União Europeia e das Nações Unidas. O encontro surge numa altura em que os aliados europeus dos EUA procuram definir uma resposta coordenada à inesperada decisão de Trump de negociar diretamente com a Rússia, sem a participação da Ucrânia ou da União Europeia nas conversações iniciais.
O desenrolar das negociações entre Washington e Moscovo poderá ter um impacto significativo na estratégia europeia para a Ucrânia, levando os líderes do continente a avaliar diferentes cenários, incluindo um eventual reforço da sua presença militar no leste da Europa. No entanto, a falta de consenso sobre o envio de tropas demonstra as dificuldades da Europa em apresentar uma frente unida face ao conflito e às movimentações diplomáticas dos Estados Unidos.