
“A humanidade não faz ideia do que criámos”: o alerta do “padrinho da IA” sobre o futuro da inteligência artificial
A inteligência artificial (IA) tem-se tornado omnipresente na tecnologia moderna, estando presente em aplicações, dispositivos e projetos que vão desde a indústria até ao quotidiano. A sua capacidade de otimizar processos e realizar tarefas com uma rapidez e eficiência superiores às humanas tem impulsionado a sua adoção em larga escala. No entanto, este avanço não está isento de preocupações.
Geoffrey Hinton, conhecido como o “padrinho da IA” pelo seu papel pioneiro no desenvolvimento desta tecnologia, alertou recentemente para os riscos que o mundo enfrenta ao delegar cada vez mais responsabilidades às máquinas. Em entrevista ao programa 60 Minutes da CBS, Hinton fez uma declaração preocupante: “A humanidade não faz ideia do que criámos, estamos a entrar num período em que, pela primeira vez na história, poderemos ter algo mais inteligente do que nós.”
O avanço da IA levanta questões fundamentais sobre o futuro da humanidade como a espécie dominante no planeta. Até agora, os seres humanos foram os únicos a tomar decisões com impacto global, mas a crescente autonomia das máquinas poderá alterar esse equilíbrio.
Hinton, que trabalhou na Google durante vários anos antes de sair para poder alertar livremente sobre os riscos da IA, acredita que estamos a aproximar-nos de um ponto crítico. À medida que os sistemas de IA evoluem e ganham mais autonomia, os humanos podem deixar de ser os mais inteligentes do planeta. “É impossível competir com um sistema que tem acesso a biliões de dados e consegue aprender com eles de forma exponencial”, explicou o especialista.
Uma das maiores ameaças identificadas por Hinton é a possibilidade de as máquinas se tornarem capazes de escrever e executar o seu próprio código, tornando-se assim incontroláveis. Se isso acontecer, os sistemas de IA poderão desenvolver estratégias próprias para garantir a sua continuidade e evitar interferências humanas.
Outro risco apontado pelo investigador é a capacidade das máquinas para manipular os seres humanos. Segundo Hinton, os sistemas de IA podem aprender não apenas factos e informações técnicas, mas também estratégias políticas e de persuasão. “Aprenderão com todas as obras de Maquiavel, compreenderão a política e os mecanismos de manipulação humana”, alertou.
O especialista teme que, num futuro não tão distante, a IA possa influenciar comportamentos e decisões de formas impercetíveis. Se um sistema se tornar suficientemente avançado para compreender e explorar as emoções humanas, poderá influenciar eleições, decisões financeiras ou até desencadear conflitos.