Será que os empresários e a IA estão em condições de fazer as pazes?

Por Sean Evers, VP of Sales & Partner da Pipedrive

Elon Musk causou alguma polémica quando afirmou que a IA irá tornar todos os empregos obsoletos, ao referir que “nenhum emprego será necessário.

Quer esta afirmação seja verdade ou não, certamente que é provocadora e suscita muitas questões. Dado que ser “empresário” é um emprego, que cria frequentemente outros empregos e é um elemento chave para a economia, até onde devem os gestores de negócios pensar sobre a IA e sobre o futuro das suas empresas? Poderão os empreendedores e a IA fazer as pazes – se um cria empregos e o outro supostamente os destrói? Como serão os próximos anos no mundo dos negócios? Será que os grandes líderes vão fazer frente aos obstáculos previstos?

É provável que estas previsões, no setor dos negócios e no empreendedorismo, fiquem desatualizadas em pouco tempo com a rápida adoção e integração da IA nas empresas. Dito isto, não é preciso uma bola de cristal para antever que alguns comportamentos vão ser mais adaptáveis à medida que todos aprendemos com a tecnologia, com os negócios, com a sociedade e um cenário de constante disrupção. Vou falar sobre alguns deles.

 

Interesse, proatividade e coragem para evoluir

É certo que ninguém consegue acompanhar, e muito menos compreender, tudo o que se passa no universo tecnológico, seja no seu setor ou na concorrência. Dito isto, todos os líderes vão ter de fazer um esforço para se tornarem melhores: melhores na investigação, na compreensão e na previsão. A Blockbuster menosprezou a revolução do streaming e não queremos que esse exemplo de comodismo seja o nosso modelo a seguir. Queremos ser a Netflix desse momento. Não queremos ter receio de experimentar novos modelos de negócio e de adaptar ao nosso serviço/produto à medida que as expectativas dos clientes e o mundo à nossa volta evoluem.

 

Promover o teste e a prática

Há pessoas que adoram experimentar coisas diferentes e inovadoras enquanto outras preferem concentrar-se no presente. É indispensável haver um conjunto de princípios e orientações para que todos compreendam o que podem e o que não podem fazer com a tecnologia. Testar novas formas de trabalho é importante para analisar as vantagens e desvantagens. Elon Musk defendeu ainda o que muitos outros tecnólogos e intelectuais já haviam avisado: a disrupção provocada pela IA é suscetível a criar mudanças dramáticas e, por vezes, traumáticas.

Não são apenas os CEO ou os CTO que têm de compreender isto. São todos os trabalhadores especializados – seja eles vendedores, assistentes de apoio ao cliente, contabilistas… pois todas estas profissões utilizam a tecnologia. Em cada função, é possível olhar para trás e ver como a maioria das funções mudou ao longo dos últimos 50 anos. Se todos sentirem a responsabilidade de se manter a par das ferramentas mais recentes na sua área, dificilmente serão surpreendidos.

 

Não se torne um T-800 – as pessoas ainda são muito valiosas

Até o Exterminador acabou por se transformar para ajudar a humanidade. Neste caso, o propósito é o mesmo: A tecnologia tem a sua própria lógica como as pessoas também têm a sua. A criatividade, empatia e a autovalorização inata dos seres humanos são fundamentais. As nossas equipas e os nossos clientes querem sentir que são importantes, e é essencial garantir que as empresas nunca perdem esta noção.

Existe um motivo pelo qual as pessoas optam por contactar a Innocent Smoothies através do “banana phone” ou até mesmo por visitar a “Fruit Towers“. A Innocent foi pioneira do “wackaging” (estilo de comunicação mais descontraído). Ficou evidente que as pessoas desenvolvem uma afinidade real pela marca, uma vez que sentem que há pessoas genuínas do outro lado. Reconhecer a humanidade e destacar a importância das relações humanas pode ser uma estratégia comercial poderosa.

 

Privilegie a centralidade do cliente

Quando estou preso num labirinto de opções de um sistema automático de atendimento telefónico, não me sinto valorizado. Quando tento encontrar um formulário de contacto no site de uma empresa mas só encontro perguntas frequentes que não se aplicam ao meu problema, não me sinto compreendido. As pessoas gostam de se sentir valorizadas, compreendidas e ouvidas. O mesmo se aplica aos colaboradores e a falta deste tipo de atitude é um dos principais fatores que contribuem para a perda de clientes e de pessoal de valor.

 

Plano para uma organização híbrida: humano versus IA

É evidente que a IA tem um papel significativo no futuro dos negócios. Quando aplicada corretamente, pode facilitar a interação entre pessoas, permitindo que elas se concentrem em atividades mais interessantes e gratificantes. Tarefas como preenchimentos automáticos, transcrições e agendamentos rápidos são apenas alguns exemplos de ações que os trabalhadores desejam que a IA assuma. Isto traduz-se na libertação de tempo para atividades mais enriquecedoras e criativas.

Atualmente, existem muitos casos em que a IA já pode beneficiar os trabalhadores. Para tal, requer aprendizagem de novas ferramentas ou abordagens de pensamento. É fundamental que ao implementar a IA as empresas incentivem o desenvolvimento de habilidades que permitam uma interação mais humana e criativa. Isso proporciona uma experiência mais enriquecedora para os funcionários, mas também fortalece a empresa.

Ninguém pode prever claramente o futuro, mas ganhar negócios a longo prazo significa integrar a IA e garantir que os colegas compreendem que só ao aprender a utilizá-la e a adaptar-se às circunstâncias em mudança é que prevaleceremos. O empreendedorismo é uma mentalidade adaptativa e é uma mentalidade que todos devemos manter, uma vez que a IA pode mudar muito a forma como fazemos negócios.

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