Nunca a cibersegurança foi tão importante em Portugal

Por Alfonso Ramirez, diretor geral da Kaspersky Ibéria

Com os sucessivos confinamentos a que temos vindo a ser sujeitos, o teletrabalho e o ensino à distância tornaram-se uma realidade bem presente na vida de (quase) todos. O digital passou a ser uma fonte de entretenimento ainda maior e a ocupar a maioria do tempo das pessoas, tornando-se a regra e não a exceção. Tudo isto levou ao surgimento de novas ciberameaças e ataques que apanharam de surpresa utilizadores e empresas, e que este ano não só irão aumentar como tornar-se cada vez mais complexos. Desta forma, torna-se essencial haver uma consciencialização dos riscos que todos corremos e para a forma como nos podemos “defender” destas ameaças – que podem mesmo chegar a comprometer a nossa privacidade e, inclusive, identidade ou vida financeira.

Comecemos pelo phishing. Neste caso, estamos a falar de ciberataques enviados em massa para atingir as vítimas através de correio eletrónico, com o objetivo de lhes extorquir dinheiro, obter palavras-passe, números de cartões de crédito, detalhes das suas contas bancárias e muito mais. Este ciberataque é um dos mais frequentes em Portugal, que ocupa o segundo lugar a nível mundial, no top dos dez países com mais casos identificados.

Além do phishing, que continua a apresentar dados alarmantes em Portugal, também o stalkerware continua a ter bastante expressão entre os portugueses, embora se tenha registado um ligeiro declínio em 2020 face a 2019, sobretudo devido aos sucessivos períodos de confinamento originados pela pandemia, que fez com que os parceiros passassem mais tempo juntos em casa. Em 2020, a Kaspersky registou menos 60 vítimas do que em 2019. Mas, apesar desta descida, não se torna menos importante tomar medidas e continuar a trabalhar ativamente para que estes números diminuam ainda mais, mesmo depois da pandemia.

É importante perceber que o stalkerware representa uma forma de ciberviolência, que permite espiar secretamente a vida privada de outra pessoa, através de dispositivos inteligentes, sendo utilizado para fomentar a violência contra um parceiro. Os especialistas da Kaspersky têm vindo a investigar de perto este tema e, juntamente com outras instituições, continuam a estudar formas de conseguir diminuir estes números por todo o mundo, prestando também a máxima ajuda e acompanhamento às vítimas.

Também têm sido identificados cada vez mais casos de ciberataques relacionados com o teletrabalho e com o ensino à distância, não só em Portugal, como no resto do mundo. Com o prolongar da situação pandémica, que não ficou para trás em 2020, têm vindo a ser detetados vários ataques a redes VPN, por exemplo, ou até mesmo ataques realizados através de plataformas utilizadas para o ensino online, como o Google Meet, o Zoom ou o Moodle.

Tendo em conta o que se espera que sejam as tendências neste novo ano, as ciberameaças financeiras também estão a destacar-se, principalmente com a crescente utilização de criptomoedas de transição, utilizadas pelos cibercriminosos para eliminar o seu rasto, depois de exigirem pagamentos às vítimas. A juntar a estas, as práticas de extorsão estão também a ser cada vez mais comuns, seja através de ataques DDoS ou ransomware.

Assim, esta não é a melhor altura para descurarmos a cibersegurança, mas sim para percebermos como nos podemos defender de qualquer incidente que surja. No caso do teletrabalho, por exemplo, é importante educar os colaboradores sobre como utilizar práticas básicas de cibersegurança quando trabalham à distância, tais como evitar ser vítima de phishing via correio eletrónico ou web, ou até como gerir contas e palavras-passe. As empresas, desde as mais pequenas às multinacionais, devem fortalecer ao máximo as suas infraestruturas digitais, independentemente de os colaboradores trabalharem em dispositivos corporativos ou pessoais. Para garantir a segurança de todos, à distância ou no escritório, podem optar por soluções de segurança robustas, que permitam cobrir todas as suas vulnerabilidades ou possíveis “portas de entrada” de ameaças.

Neste sentido – e uma vez que a pandemia está longe de acabar – a cibersegurança deve constituir-se uma prioridade para todos, seja para as empresas e para os seus colaboradores, como para estabelecimentos de ensino, educadores, alunos e todos aqueles que podem efetivamente converter-se em vítimas de ciberataques.

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