IA generativa: um fator de inovação e diferenciação para as empresas

Opinião de Catarina Ceitil, Diretora de IT&Digital, Dados e Transformação da Galp

Falar de Inteligência Artificial (IA) generativa é falar de uma das mais poderosas ferramentas tecnológicas que podemos ter hoje à nossa disposição. Num mercado cada vez mais competitivo, as empresas que conseguirem integrar esta ferramenta nos seus processos abrirão uma caixa de pandora que dará início a um amplo caminho de inovação e diferenciação.

Mas afinal o que é a IA generativa? Na verdade, é mais simples do que possa parecer: é um ramo da IA que utiliza Large Language Models treinados com vastos conjuntos de dados para gerar novos dados, como texto, imagens e código. Por exemplo, o ChatGPT, que hoje é bastante conhecido e utilizado, funciona através desta tecnologia.

O leque de possibilidades que esta tecnologia introduz no mercado é vasto e estaremos ainda longe de conseguir desfrutar de toda a sua potencialidade. Mas de uma forma muito resumida, creio que é já hoje líquido para todos que a IA generativa pode garantir essencialmente três grandes contributos:

  1. Acelerar a inovação:a IA generativa pode ser utilizada para gerar ideias e conceitos novos, ajudando as empresas a desenvolver produtos e serviços inovadores de forma mais rápida e eficiente.
  2. Personalizar a experiência do cliente: criar experiências personalizadas para cada cliente, aumentando a sua satisfação e fidelidade.
  3. Automatizar tarefas: automatizar tarefas repetitivas e complexas, liberando tempo para que os colaboradores se concentrem em atividades mais estratégicas.

Na Galp, estamos neste momento a testar esta tecnologia sobretudo no domínio da automatização de tarefas. Estas experiências estão a ser aplicadas em ações como a sumarização de notícias/análise de sentimento ou produção de documentação de projetos. Acreditamos que a curto/médio prazo estes testes vão estender-se a tarefas das várias unidades de negócio da Galp, mas ainda estamos numa fase de estudos para determinar o eventual efeito transformacional que esta ferramenta poderá ter nos processos da empresa.

Mas se é uma realidade que hoje a IA é conhecida pelos seus benefícios, é igualmente verdade que os seus riscos também colocam esta ferramenta sob holofotes. Esta discussão tem dominado a agenda política internacional, com a União Europeia a esforçar-se para ser o primeiro legislador no mundo em matéria de IA, procurando desbravar caminho para uma abordagem global que seja ética, segura e fiável. Esta é uma jornada extensível a todos, onde as empresas assumem igualmente um papel fundamental, tendo o dever de garantir transparência, responsabilidade e considerações éticas em todas as fases de utilização desta tecnologia.

Contudo, a integração da IA generativa nas empresas pode vir a não ser tão rápida como talvez se perspetive, sobretudo por uma questão de mindset que, inicialmente, envolve as instituições de ensino e, depois, as empresas. Para que a integração desta ferramenta seja possível, a academia e as empresas têm de caminhar lado a lado, desenhando planos e criando oportunidades que permitam formar profissionais nesta área. Tal só é possível se houver vontade de ultrapassar barreiras, repensar o futuro e apostar numa jornada de inovação e modernização.

É errado referirmo-nos à IA generativa como o “futuro”, mas ainda existem desafios – alguns deles já referidos – que fazem com que também não seja totalmente correto dizer que já é o “presente”. A integração desta poderosa ferramenta nas empresas terá de ser progressiva, começando por casos de uso específicos e expandindo conforme a organização adquira experiência e a tecnologia maturidade.

As organizações que forem bem-sucedidas nesta jornada passam a ter à sua disposição uma tecnologia estratégica para o seu negócio, que será sinónimo de inovação e diferenciação no mercado.

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