Fogos novos e reabilitação: será parte da solução para o mercado imobiliário?

Por Daniela Rebouta, Sales Manager da Engel & Völkers Lisboa

Nos últimos anos, Portugal tem vindo a enfrentar inúmeros desafios no setor imobiliário. A oferta reduzida de imóveis para habitação é uma realidade que afeta não só as grandes cidades, mas também as zonas periféricas.

A procura por habitação supera, em muito, a oferta disponível, o que resulta num aumento do valor dos imóveis, especialmente nos centros urbanos. Neste cenário, existem dois conceitos que emergem como possíveis soluções para esta conjuntura: a construção de novos edifícios e a reabilitação de imóveis existentes. Contudo, a questão que persiste é se essas medidas serão suficientes para aliviar a pressão que se exerce sobre o mercado imobiliário português.

A construção de fogos novos foi sempre uma das estratégias adotadas para atender à crescente demanda do setor imobiliário. A ideia é simples: aumentar o número de habitações disponíveis para a população, reduzindo assim os preços e proporcionando habitações mais acessíveis. No entanto, esta abordagem não está isenta de desafios, nomeadamente as burocracias necessárias para o efeito.

Por outro lado, a reabilitação de imóveis já existentes oferece uma alternativa mais viável e sustentável. Ao reabilitar edifícios antigos, não só preservamos a identidade arquitetónica e cultural das cidades, como também contribuímos para a revitalização de áreas degradadas, como bairros históricos, conferindo-lhes uma nova vida e atraindo investimento.

Ambas as abordagens são viáveis e necessárias. Mas será que são suficientes para solucionar a pressão que se sente no setor atualmente? A resposta provavelmente reside numa combinação equilibrada de ambas as estratégias. A construção de novas habitações pode ser essencial para atender à crescente demanda, especialmente em áreas onde a expansão urbana é viável e necessária. No entanto, é fundamental que isso seja feito com responsabilidade ambiental e com um planeamento cuidadoso e rigoroso.

Ao mesmo tempo, a reabilitação de edifícios existentes deve ser incentivada e apoiada. A reabilitação pode oferecer soluções criativas para a escassez de habitação, transformando espaços subutilizados em habitações funcionais e modernas. Os incentivos fiscais e os programas de financiamento específicos podem ajudar a despertar o interesse dos proprietários, de modo a investirem na reabilitação de propriedades, criando assim um ciclo positivo de renovação urbana.

Além das questões práticas, é crucial considerar as necessidades dos moradores. A participação dos cidadãos no processo de planeamento é fundamental para garantir que as soluções propostas atendem verdadeiramente às suas necessidades.

A realidade do setor em Portugal exige uma abordagem multifacetada que combine a construção de novos fogos com a reabilitação de edifícios existentes. Na formulação dos planos políticos e estratégias, esta abordagem deve sempre ter em consideração elementos-chave como a sustentabilidade, o respeito pelo património cultural e as necessidades dos habitantes. Além disso, a colaboração entre o setor público e privado, aliada aos incentivos adequados, poderá também ser um grande passo na superação de muitos dos desafios que se impõem ao setor.

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