Que arranque de 2021!

Por Ricardo Florêncio

Reescrevo este editorial (8 de Janeiro) depois de algumas notícias que dão conta de um possível novo confinamento geral em Portugal. Aquele confinamento que nunca seria possível voltar a acontecer. Aquele confinamento que, nas palavras várias vezes repetidas por parte dos nossos governantes em 2020, acabaria com as empresas e a economia em Portugal. E afinal, tudo indica, voltará mesmo a acontecer. O ano arrancou sem festas, sem comemorações, mas com muitas passas. De muitas promessas, de muita esperança, e com muita vontade de 2020 não voltar a repetir-se. Mas, como que a vaticinar que 2021 será um ano de todo estranho, assistimos a um acontecimento que seria de todo impensável para todo o mundo – a invasão do Capitólio, nos Estados Unidos da América. E, ao mesmo tempo, confirmamos em Portugal um crescimento muito acentuado do número de infectados, internamentos, mortes. Se é verdade que também iniciámos o processo de vacinação, o que nos possibilita ver a tal luz ao fundo do túnel, esse túnel será bem comprido, pois este processo promete ser longo, muito longo mesmo. E a solução que se encontrou para combater a situação presente é: voltar a confinar o País de modo geral. Ou seja, passados 10 meses, a mesma solução, o mesmo remédio. Não tenho dúvidas que voltaremos a conseguir ultrapassar estas limitações, tal como já aconteceu no passado, pois de tormentas e resiliência está a nossa História cheia. Agora, também não tenhamos dúvidas que, não alguns, mas muitos, ficarão pelo caminho. Muitas empresas, muito emprego, muita capacidade produtiva, não vão conseguir aguentar. Não porque não querem, não porque não desejem, mas porque, pura e simplesmente, esgotaram as suas capacidades de resistência. Restauração, hotelaria, comércio, além de muitos outros sectores, nomeadamente de serviços, menos mediatizados, menos mencionados, mas que também já foram, e continuarão a ser, fortemente impactados com todas estas restrições.

Sejamos fortes, e mais do que nunca, não nos podemos permitir desistir!

Editorial publicado na revista Executive Digest nº 178 de Janeiro de 2021