Livre com três listas candidatas à direção do partido

O 14.º Congresso do Livre reúne-se de sexta a domingo em Setúbal, para eleger novos órgãos, com três listas candidatas à direção que se propõem a melhorar o processo de primárias e consolidar o crescimento do partido.

De acordo com informação divulgada pelo Livre, foram apresentadas três listas para o Grupo de Contacto (direção), órgão composto por 15 membros, eleitos de acordo com o método de Hondt, sendo por isso certo que contará com membros de várias listas.

A lista ‘A’ é encabeçada pela líder parlamentar do Livre, Isabel Mendes Lopes, seguindo-se o deputado e fundador Rui Tavares, que se recandidata a um lugar na direção depois de a sua lista ter conquistado a maioria dos lugares no congresso de 2022 em Coimbra.

Numa candidatura que se assume como “de continuidade e renovação”, esta lista inclui também o deputado Jorge Pinto e a ‘número dois’ às eleições europeias, Filipa Pinto.

Na sua moção estratégica global, intitulada “O partido do Futuro diz Presente – unidos para um país Livre”, os candidatos à direção dizem estar “investidos no crescimento do partido” – que nas últimas legislativas passou de um deputado para um grupo parlamentar de quatro – “focados na melhoria da cooperação interna e trabalho colaborativo e orientados para concretizar a implantação local do Livre”.

É proposta a revisão de processos internos como as primárias, que o Livre utiliza para escolher os seus candidatos a eleições e que recentemente causou polémica e algumas discórdias internas na escolha do cabeça de lista para as eleições europeias, Francisco Paupério.

Paupério venceu as primárias com uma quantidade significativa de votos únicos de não militantes do partido, o que levou a Comissão Eleitoral a levantar dúvidas sobre uma eventual “viciação de resultados” na primeira volta.

A lista integrada por Rui Tavares reconhece que existe “um equilíbrio complexo entre uma abertura plena e a possibilidade real de deturpação do processo de primárias” e propõe “uma reflexão alargada para discutir mecanismos que garantam uma maior segurança do processo – não significando isso um maior encerramento à sociedade”.

“Dez anos após a sua fundação, é também chegado o momento de organizar um Congresso Estatutário para que se melhorem aspetos da organização interna e funcionamento do Livre, fazendo essa reflexão com todos os membros e com um prazo de tempo alargado”, é proposto.

Quanto ao atual contexto político, os candidatos alertam para a necessidade de combater a extrema-direita e defendem que o grupo parlamentar deve fazer oposição “de forma clara e presente” mas já a preparar “a mudança de ciclo e um próximo governo das esquerdas”.

A lista ‘B’ é encabeçada pela dirigente Natércia Lopes, que faz parte da atual direção, à semelhança dos membros Rodrigo Brito e Patrícia Robalo, que na última reunião magna eletiva, há dois anos, também apresentaram uma segunda lista candidata ao Grupo de Contacto.

Desta vez, na moção intitulada “Enraizar o Livre, Resgatar a Esperança”, os candidatos defendem que o crescimento do partido “tem de ser feito de forma sustentada”, defendem um compromisso com “a defesa do pluralismo interno e da democracia, diálogo, participação e inclusão”, “uma forte aposta na política local e de bases”, através de novos núcleos territoriais, e propõem ainda o aperfeiçoamento das primárias.

“Acreditamos que é possível tornar as primárias abertas mais robustas e reduzir os riscos que o processo acarreta sem trair o princípio basilar da sua existência, sem cair na tentação de perder o valor que a sua abertura acrescenta à democracia”, lê-se no texto.

A lista ‘C’ é encabeçada por João Manso e em segundo lugar surge Irene Gomes, dois membros que no último congresso eletivo fizeram parte da então lista ‘B’ e desta vez decidiram avançar com uma candidatura autónoma.

Na moção intitulada “Corrente Livretária — Por um Livre cada vez mais Livre”, estes candidatos pedem uma estrutura partidária “mais participada, mais horizontal, mais descentralizada, mais transparente e ainda mais democrática”.

Sobre o processo de primárias, propõem a criação de um espaço no ‘Ponto Livre’ (plataforma interna do partido) aberto a não militantes no decorrer da campanha, ponderar a hipótese de um inquérito obrigatório “na avalização de candidaturas às primárias” e ainda a divulgação por parte da Comissão Eleitoral de todos os dados e resultados sobre processos eleitorais internos, incluindo os votos desagregados de militantes e não militantes.

Além das candidaturas à direção, foram também divulgadas duas listas candidatas ao Conselho de Jurisdição, também eleito através do método de Hondt. A lista ‘A’ é encabeçada pelo deputado Paulo Muacho e a ‘B’ pelo membro Rui Matias.

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