A Economia e a Política

Por Ricardo Florêncio

E contudo, ela move-se”. Esta célebre frase, murmurada por Galileu Galilei perante o Tribunal da Inquisição, é apropriada ao que se tem vindo a assistir na nossa Economia. Apesar de tudo, continua a crescer. Titubeante, menor do que seria possível pois temos potencial para mais, mas a crescer. Sim, com um peso substancial, e cada vez maior, do Turismo, mas são as características próprias do nosso País, embora obviamente tenhamos de ter outros sectores de actividade que também suportem e acompanhem este crescimento. Mas estamos a crescer. É também óbvio que temos de estar atentos ao que pode acontecer nos tempos mais próximos, pois outra das áreas importantes da nossa Economia, como a exportação, poderá ter algumas ameaças, atendendo a que alguns dos nossos mercados principais de exportação estão a apresentar sinais de estagnação, ou mesmo a cair, como são as previsões apontadas para a Alemanha. Contudo, todo este crescimento assenta nas empresas, na actividade empresarial e em algum investimento público. Mas onde está a política, que também é um interveniente muito importante na economia? Essa parece arredada da nossa realidade e dos nossos reais interesses. De lés a lés, ouve-se uma chuva de números, trocas de acusações e galhardetes de parte a parte, num autêntico festival pirotécnico, mas que em nada contribuem para o desenvolvimento e crescimento do nosso País. Podem chamar a isto Política, que faz parte do jogo político, mas conviria que os debates e trocas de ideias fossem produtivos, com ideias concretas e reais, e que contribuíssem para o nosso desenvolvimento e para o nosso crescimento. Isso é que seria política produtiva e não este digladiar constante que pouco, ou mesmo nada, nos serve.

Editorial publicado na revista Executive Digest nº 208 de Julho de 2023