Um artigo (ou uma aula) sobre o que é e o que não é Empreendedorismo

Opinião de Luis Rasquilha, CEO do Ecosistema Inova. Professor da FIA, da Fundação Dom Cabral (FDC), do Hospital Albert Einstein e da ESALQ/USP (Universidade de São Paulo). Conselheiro Consultivo da Mercur e da NTT Data Brasil.

Por conta do lançamento do meu mais recente livro (Jornada Empreendedora em co-autoria como Marcos Barbosa Rodrigues) este artigo tem como objetivo reforçar a importância do conceito de empreendedorismo como forma de fazer as empresas e os negócios lidarem com o contexto de transformação.

O empreendedorismo é um processo pelo qual os indivíduos identificam oportunidades, desenvolvem ideias inovadoras e assumem riscos para criar e gerir um novo empreendimento ou promover mudanças dentro de uma organização existente. O empreendedorismo envolve a criação de valor, seja por meio do lançamento de um novo produto ou serviço, da implementação de um processo mais eficiente ou da introdução de uma abordagem inovadora para resolver problemas existentes.

O empreendedorismo é um processo que:

  1. Origina criação de riqueza;
  2. Envolve criação de “empresas”, empreendimentos, projetos, algo que não existia anteriormente;
  3. Cria inovação;
  4. Cria mudança;
  5. Cria valor;
  6. Cria empregabilidade e postos de trabalho.

O empreendedorismo é um processo. É algo que diz respeito a uma série de ações sequenciais que levam a um determinado objetivo. Não é um ato isolado. Processo através do qual indivíduos ou grupos criam valor (algo que é útil) reunindo combinações únicas de recursos (inovação), para explorar uma oportunidade existente na envolvente.

Oportunidade: Conjunto favorável de circunstâncias que criam uma necessidade ou uma abertura para um novo conceito de negócio, num determinado tempo e num determinado espaço.

Existe uma oportunidade quando:

  • Existe uma necessidade no mercado;
  • Existe algum grau de insatisfação com os produtos/serviços atuais por parte do mercado (utilizadores);
  • Os custos de mudança são desprezáveis. Mesmo que os clientes estejam insatisfeitos, os custos de mudança podem ser tão elevados que a inviabilizam;
  • As vantagens oferecidas são facilmente percebíveis pelo mercado.

Empreendedorismo não é…

  1. Estabelecer e gerir uma pequena empresa.
  2. Um ato isolado que acontece por acaso – Exige Paciência, Persistência, Agressividade e Adaptabilidade.
  3. Correr riscos exagerados.

a. Empreendedorismo é correr riscos calculados.

b. O empreendedor procura identificar de uma forma sistemática os riscos financeiros, técnicos, de mercado e outros específicos ao empreendimento, de forma a minimizá-los ou eliminá-los.

c. O empreendedor não se preocupa com os Ativos, mas focaliza-se com a origem dos fundos para poder tornar possível o seu projeto.

  1. Inato. Existe potencialmente em todos nós. Envolve a acumulação de competências que se adquirem ao longo da vida.
  2. Ganância ou desejo de sucesso. São antes motivados por uma necessidade de realização pessoal.
  3. Ato isolado: Pressupõe a criação e formação de uma equipe e não é unicamente sobre indivíduos.
  4. Não existe um único tipo de empreendedor, uma fórmula única. Não é definido por sexo, estatuto social ou idade. Há diferentes tipos de empreendedores.
  5. Ter acesso a muito capital. Não é necessário ter muito dinheiro. O empreendedorismo tem a ver sobretudo com saber agarrar oportunidades.
  6. Uma questão de sorte. A sorte constrói-se.
  7. Começar com um produto ou serviço novo (a gênese do empreendedorismo é a oportunidade).
  8. Desestruturado e caótico. Pelo contrário, quanto mais organizado for o empreendedorismo maiores serão as suas hipóteses de sucesso.
  9. Sinônimo de falha. Ser empreendedor não significa falhar, mas se acontecer será sempre uma oportunidade de aprendizagem. Deve haver persistência.

Na década de 1980, o empreendedorismo ganhou destaque como uma disciplina acadêmica e um campo de estudo separado. Nesse período, surgiram teorias e modelos que examinavam as características dos empreendedores, os processos de criação de empresas e as estratégias de crescimento empresarial.

Desde então, o conceito de empreendedorismo evoluiu para além da criação de novas empresas e passou a incluir uma perspectiva mais ampla. Hoje, o empreendedorismo é visto como uma mentalidade e uma abordagem que pode ser aplicada em diversos contextos, incluindo empresas estabelecidas, organizações sem fins lucrativos e setor público.

Além disso, o empreendedorismo passou a ser considerado não apenas como uma atividade econômica, mas também como um agente de mudança social. A ideia de empreendedorismo social ganhou destaque, enfatizando a criação de negócios com propósito, que buscam resolver problemas sociais e ambientais enquanto geram sustentabilidade econômica.

Outra evolução importante no conceito de empreendedorismo é a valorização das habilidades empreendedoras dentro das organizações. Muitas empresas reconhecem a importância de cultivar uma cultura empreendedora internamente, encorajando os funcionários a assumirem riscos calculados, serem inovadores e procurarem oportunidades de crescimento.

A evolução do conceito de empreendedorismo reflete uma compreensão mais ampla e abrangente do papel dos empreendedores na sociedade. Ele engloba não apenas a criação de novas empresas, mas também a inovação, o crescimento empresarial, o empreendedorismo social e as habilidades empreendedoras dentro das organizações.

Empreendedorismo é então:

  • uma atitude – pensar ou sentir duma forma favorável ao empreendedorismo;
  • um comportamento – realizar um conjunto de atividades necessárias para elaborar um conceito e levá-lo até à sua implementação.

O empreendedor é empurrado pela atitude e pelo comportamento e puxado por uma promessa de sucesso. A promessa está na estrutura das compensações inseridas numa dada economia.

O empreendedorismo é função de:

  • Atitudes e Comportamentos (que empurram o Empresário).
  • Estrutura das Compensações inseridas numa dada Economia (que estimulam e puxam o Empresário).

Existem vários tipos de empreendedorismo, cada um com suas características e foco específico. Alguns dos principais tipos de empreendedorismo incluem:

  1. Empreendedorismo de Startups: refere-se à criação e desenvolvimento de novas empresas, geralmente com uma abordagem inovadora e escalável. Os empreendedores de startups buscam identificar oportunidades de mercado, desenvolver produtos ou serviços disruptivos e buscar investimento para impulsionar o crescimento rápido.
  1. Empreendedorismo Social: concentra-se em resolver problemas sociais e ambientais por meio de negócios. Os empreendedores sociais buscam criar empreendimentos que gerem impacto positivo na sociedade, equilibrando aspectos econômicos e sociais. O objetivo é atender às necessidades das comunidades e grupos vulneráveis, buscando sustentabilidade e mudanças sociais.
  1. Intraempreendedorismo: refere-se à prática do empreendedorismo dentro de organizações já estabelecidas. Os intraempreendedores são funcionários que buscam inovação, identificam oportunidades de melhoria e implementam novas ideias e projetos dentro da estrutura da empresa. Eles são agentes de mudança e contribuem para o crescimento e a renovação das organizações.
  1. Empreendedorismo Corporativo: é semelhante ao intraempreendedorismo, mas com um foco específico nas grandes corporações. Envolve a criação de uma cultura empreendedora dentro da organização, incentivando os funcionários a pensar de forma criativa, assumir riscos calculados e buscar oportunidades de crescimento e inovação.
  1. Empreendedorismo Digital: relacionado ao uso de tecnologia e plataformas digitais para criar negócios e explorar oportunidades no ambiente online. Os empreendedores digitais aproveitam os recursos da internet, como comércio eletrônico, marketing digital, desenvolvimento de aplicativos e serviços online para criar e expandir seus empreendimentos.
  1. Empreendedorismo de Estilo de Vida: é voltado para a criação de negócios que se alinham aos interesses e estilo de vida pessoal do empreendedor. O objetivo não é necessariamente criar uma grande empresa, mas sim ter um negócio que proporcione liberdade, flexibilidade e satisfação pessoal.
  1. Empreendedorismo Cultural: envolve a criação de empreendimentos voltados para a promoção e preservação da cultura, das artes e do patrimônio. Pode abranger setores como turismo cultural, produção de eventos artísticos, design, moda, gastronomia, entre outros.

Esses são alguns exemplos dos tipos de empreendedorismo que existem. Cada um deles tem características e objetivos distintos, mas todos envolvem a identificação de oportunidades, o espírito empreendedor e a busca por criar valor e impacto. E isso sendo a base do empreendedorismo é a forma que as empresas e as pessoas têm para saber lidar com o contexto de transformação que estamos a viver.

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