A revolução silenciosa das startups com a Inteligência Artificial
Por Pedro Lopes, CEO da Infinitebook
A ascensão da Inteligência Artificial (IA) tem desencadeado uma verdadeira revolução no mundo dos negócios, e o ecossistema de startups português não é exceção. A utilização da IA transcende o mero desenvolvimento de novas empresas, transformando profundamente a forma como as startups operam diariamente. A recente democratização da IA, exemplificada pelo ChatGPT e pelo Microsoft Copilot, tornou acessíveis a qualquer pessoa ferramentas antes restritas a uma elite técnica.
São já inúmeras as startups portuguesas que exemplificam o sucesso da incorporação da IA nas suas estratégias de crescimento. Empresas como Feedzai, Defined.ai e Unbabel demonstram como a IA pode impulsionar a inovação, otimizar processos e oferecer soluções diferenciadas no mercado competitivo das startups em Portugal. Um estudo muito recente, pedido pela Google à consultora Public First, trouxe a público conclusões interessantes a este respeito, tanto a nível internacional como nacional. De acordo com a análise – e tendo em conta a amostra -, 86% dos trabalhadores em Portugal acreditam que as aplicações ou softwares de IA generativa vão torná-los mais produtivos, um valor que sobe para 91% se a amostra incluir apenas colaboradores que desempenhem as suas funções em ambiente de escritório.
No contexto das startups, a IA – especialmente em ferramentas como o ChatGPT – desempenha um papel crucial como facilitador. Funciona como um assistente pessoal, impulsionando o pensamento criativo e a produtividade. Num cenário onde a agilidade é crucial, a IA atua como um segundo cérebro na ponta dos dedos, orientando e gerando ideias de forma rápida e eficiente. A capacidade de gerar rapidamente conteúdo para websites e apps de e-commerce – como se tem visto, por exemplo, na integração da IA no Shopify -, é um excelente exemplo de como a IA economiza tempo crucial na fase inicial de uma startup.
Um outro benefício significativo reside na análise de dados para tomada de decisões. A IA capacita as startups a interpretar um vasto conjunto de dados, prevendo padrões de consumo, personalizando comunicações e identificando áreas de melhoria em produtos e serviços. Todos os setores que lidam com grandes volumes de dados e procuram automatizar processos podem, desta forma, colher benefícios significativos com a utilização destas ferramentas, aumentando a capacidade de processar dados em escala e automatizar tarefas rotineiras.
O estudo que indiquei anteriormente, apontou ainda outros dados importantes para Portugal. A aplicação da Inteligência Artificial Generativa tem o potencial de impulsionar a economia portuguesa em 15 mil milhões de euros (aproximadamente 8% do Valor Acrescentado Bruto (VAB) ou 6% do Produto Interno Bruto (PIB) e estima-se também que esta tecnologia possa economizar, em média, mais de 80 horas por ano para cada trabalhador.
Contudo, o acesso e integração de tecnologias de IA exigem uma mudança fundamental na abordagem de trabalho das startups e empresas portuguesas. Apesar de os agregadores de plataformas de IA serem cada vez mais comuns, o desafio destas empresas reside em selecionar as ferramentas certas para aumentar a produtividade e eficiência. É essencial evitar seguir tendências cegamente. Este tipo de ferramentas ainda não são perfeitas e podem conter erros, exigindo uma revisão cuidadosa antes de, por exemplo, poderem ser apresentados resultados aos clientes. A dependência excessiva da IA também traz um outro desafio: a necessidade de manter um pensamento crítico e evitar acomodação.
Acima de tudo, a IA introduziu, em Portugal e no mundo, uma nova dinâmica na competição entre startups. Assim como as empresas que negligenciaram o eCommerce em 2020 sofreram, aquelas que não abraçam a IA podem enfrentar desafios significativos. A inovação constante e a adoção estratégica da IA tornam-se imperativas para manter a competitividade. O futuro da IA nas startups é a inevitável integração da tecnologia em todas as facetas dos negócios.