Europeias: Von der Leyen abre porta a acordo com extrema-direita para garantir segundo mandato

Ursula von der Leyen admitiu estar aberta a um acordo com partidos de extrema-direita da Europa, após as eleições de junho, de forma a garantir o seu segundo mandato à frente do mais poderoso cargo da União Europeia (UE).

Durante o Debate de Maastricht, organizado pelo jornal Politico e pelo Studio Europa Maastricht, a responsável apontou como possível um acordo com o grupo dos Conservadores e Reformistas Europeus (ECR), cujos eurodeputados são frequentemente muito eurocéticos e mais à direita do que o Partido Popular Europeu de von der Leyen.

Uma aliança entre os dois grupos políticos europeus, pode representar uma mudança significativa para a direita na formulação de políticas da UE — em tópicos que vão desde as migrações até à legislação para combater a crise climática, direitos das mulheres e defesa.

O acordo é de alto risco, e terá de ser tratado ‘com pinças’ já pode significar o fim da coligação entre o PPE de Von der Leyen e os Socialistas, que tradicionalmente governaram as instituições da UE a partir do centro. Ursula von der Leyen precisa de manter esta aliança para garantir o seu segundo mandato como chefe da Comissão Europeia.

Embora von der Leyen tenha descartado um pacto com o grupo mais à extrema-direita, o Identidade e Democracia — que inclui Marine Le Pen da França — foi mais ambígua quando se tratou de trabalhar com o ECR, apoiado pela primeira-ministra italiana Giorgia Meloni.

“Depende muito da composição do Parlamento e de quem está em que grupo. Temos que aguardar para ver como será composto o próximo Parlamento e quais as possíveis alianças que poderão ser formadas”, indicou Von der Leyen, destacando a incerteza do cenário político que se avizinha.

Até ao momento, os partidos de centro-direita têm liderado a União Europeia, mas a crescente influência dos movimentos de extrema-direita tem gerado um novo cenário político, forçando líderes como von der Leyen a adaptarem as suas estratégias.

“A Europa está a enfrentar desafios sem precedentes, e é crucial que estejamos preparados para enfrentá-los com determinação e responsabilidade”, concluiu von der Leyen, sublinhando a importância de uma liderança forte e unificadora neste período de dúvidas quanto ao futuro.

A abertura da presidente da Comissão Europeia para uma possível colaboração com partidos de extrema-direita tem gerado um intenso debate entre os líderes políticos europeus, com várias vozes a expressarem preocupações quanto aos potenciais riscos desta estratégia.

Ao Politico, os Socialista já deram um ‘não’ a quaisquer apoios ao ECR. “Não seremos capazes de votar em um programa que tenha sido negociado com o ECR”, apontou Nicolas Schmit, o candidato principal dos Socialistas. “Eles não respeitam os direitos fundamentais pelos quais nossa Comissão lutou”, resumiu.

Numa altura em que a União Europeia enfrenta múltiplos desafios internos e externos, e uma guerra no seu continente, a decisão de Von der Leyen poderá moldar significativamente o futuro do bloco e a sua posição no palco político global, sendo mais uma peça de incerteza nas eleições europeias de junho.

O episódio é também revelador da nova estratégia da Presidente da Comissão Europeia, que está a encetar uma ‘transformação’ na sua campanha para fechar um segundo mandato no cargo.

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