Um dos mais célebres dissidentes da Rússia diz que Putin “embarcou numa viagem que levará à sua queda”

Mikhail Khodorkovsky, que em tempos foi um dos homens mais ricos da Rússia e agora é uma das vozes mais sonantes da oposição ao Kremlin putinista, acredita que o Presidente russo “embarcou numa viagem que levará à sua queda” e que o desfecho da guerra na Ucrânia “depende inteiramente do Ocidente”.

Em entrevista ao ‘Financial Times’, Khodorkovsky, que esteve preso na Rússia devido às suas atividades de combate ao regime, prevê que se Putin não for parado na Ucrânia, a guerra alastrará a outros territórios. “O próximo passo [de Putin] será um bloqueio aéreo da Lituânia”, um país membro da NATO. “Se ele vencer na Ucrânia, ele irá, devido aos problemas internos, começar uma guerra com a NATO”, afiança o dissidente russo a viver no Reino Unido desde 2015.

Contudo, um confronto com a Aliança Atlântica será um passo insensato para a Rússia, e, caso venha a acontecer, Putin “irá eventualmente perder essa guerra”.

Khodorkovsky defende que não devem ser feitas quaisquer concessões a Putin, que descreve como alguém que não tem uma noção realista do fenómeno da guerra e que considera o conflito armado como “uma forma norma de fazer subir a sua aprovação eleitoral”.

O dissidente posiciona-se contra o embargo da União Europeia ao petróleo russo, apontando que o aumento das taxas de importação seria uma abordagem mais adequada e que não faria subir tanto os preços desses bens energéticos.

Sobre a permanência de Putin no poder, ele argumenta que uma mudança de regime só poderá acontecer através da força, numa revolução que poderia vir da sociedade civil, das Forças Armadas ou do seu próprio círculo interno.

No entanto, Khodorkovsky ainda nutre a crença de que a Rússia algum dia possa ser parte integrante da comunidade de países europeus. “A Rússia é parte da Europa”, garante, explicando que o facto de a Alemanha ter sido governada por Adolf Hitler não impediu que esse país viesse a fazer parte – e uma parte central – da União Europeia. “Putin está a tentar empurrar a Rússia para o Leste, mas isso é demasiado para ser feito durante o tempo de uma só vida”, diz.

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