Ucrânia: Kremlin diz que não há qualquer possibilidade para negociações de paz entre Putin e Zelensky
O porta-voz do governo russo, Dmitry Peskov, disse esta segunda-feira que, pelo menos por agora, não existem as condições necessárias para que a Rússia e a Ucrânia possam voltar à mesa de negociações para colocar termo à guerra.
Peskov afirmou que só depois de os dois lados do conflito “fazerem o seu trabalho de casa” é que poderá ser possível que os Presidentes Vladimir Putin e Volodymyr Zelensky se voltem a reunir para discutir os parâmetros de um cessar-fogo e do fim das hostilidades.
Citado pela agência ‘Reuters’, Peskov salientou que “não existem os pré-requisitos necessários para uma reunião” entre os dois Chefes de Estado.
As conversações de paz têm estado suspensas há meses ambos os lados culpam-se mutuamente pelos bloqueias ao progresso nessa frente. Peskov salienta que não tem sido possível estabelecer contactos com a delegação ucraniana e que, por isso, “agora não há processo de negociação”.
De acordo com o Instituto para a Paz, nos Estados Unidos, para poderem discutir termos com o lado russo, os ucranianos “precisam de entrar nas negociações confiantes de que conseguirão, no futuro, viver em segurança, livres da ameaça de mais invasões da Rússia”.
“O ucranianos aprenderam – da pior maneira – que promessas escritas dos russos para respeitar a sua soberania e integridade territorial não têm qualquer valor”, aponta o instituto, explicando que em 1994, no final da Guerra Fria quando a União Soviética colapsou, a Ucrânia entregou a Moscovo o terceiro maior arsenal nuclear do mundo, no âmbito de um processo mediado pelos Estados Unidos e pelo Reino Unido, em troca de garantias de que a Rússia respeitaria a soberania e integridade territorial do país vizinho.
Contudo, em 2014 e agora em 2022, tropas russas marcharam sobre terras ucranianas, fazendo com que Kiev olhe com desconfiança os compromissos assumidos pela Rússia.
Assim, os especialistas argumentam que “para ter a certeza de que está segura no futuro, a Ucrânia precisa de ser aceite na NATO ou de ter capacidade para se defender”.
Até essas condições serem garantidas, já depois de Zelensky ter assegurado que não está disposto a fazer quaisquer cedências de território à Rússia para conseguir um acordo de paz, Ucrânia e Rússia não deverão voltar a reunir-se para procurar um fim para a guerra que assola a Europa e que veio restaurar traços características do período da Guerra Fria, cimentando as divisões entre Ocidente e a Rússia e aliados.